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“No Brasil, o Rock virou coisa de coxinha”, afirma Cachorro Grande, que lança disco novo

Por André Aloi

Com o Rock perdendo espaço no Brasil para gêneros mais populares, como o Sertanejo e o Funk, é louvável que bandas como a Cachorro Grande continuem a pensar na sua música. Eles estão de volta com um som mais psicodélico, saindo da zona de conforto do rock mais sujo e pesado, com o disco “Electromod” – sequência de “Costa do Marfim” (2014).

“A gente vive um momento muito soturno com o desaparecimento das do gênero nas massas. Hoje, no Brasil, o Rock virou coisa de coxinha (gíria para designar pessoa ‘arrumadinha’). Não tem nada a ver, virou uma coisa esquisita”, pondera o guitarrista solo da banda, Marcelo Gross. Para ele, é uma m…. essa mudança de comportamento, uma vez que o gênero não combina com essa atitude certinha. A banda é composta ainda por Beto Bruno (vocalista), Rodolfo Krieger (baixo elétrico), Gabriel Azambuja (bateria) e Pedro Pelotas (piano).

“O Rock é uma coisa meio ioiô. Vem com uma força incrível uma hora, outra hora some. Já tenho 43 anos, então acompanho isso desde os anos 80. Vi altos e baixos”, pondera. Para ele, era legal o tempo em que surgiu o Guns ‘N Roses, Nirvana, Red Hot Chili Peppers, nos idos de 1990, quando o Rock estava em todos os lugares, como na rádio e na TV. Ou quando apareceu o Oasis ou os Strokes. “Quando tinha a MTV Brasil, a gente ficava acompanhando as bandas nacionais e internacionais”, relembra.

Gross explica que, para ele, o rock é eterno. “Ainda bem que nesses tempos, a gente continua fazendo show… Mas sente a baixa… Rádios fechando, que sempre foram referências de cultura. Em Porto Alegre, elas eram muito importante”, comenta.

O novo disco é um pouco mais conciso, pois o anterior tinha faixas mais longas. “Este é mais direto, na cara”, explica. Foi produzido pelo Edu K. Para gravar, demorou duas semanas, mas o processo de composição ao todo durou seis meses. “O Rodolfo (Krieger) colocou bastante coisa nesse, mas mudou a dinâmica (da gravaçao). Antigamente, era mais eu o e o Beto que vínhamos com as omposições. Dessa vez, ele veio com bastante base pra gente colocar me;pdia, voz etc. Saiu muito das demos caseiras dele e dos outros membros. Tem uma que é a estreia do nosso tecladista nos vocais, que veio das demos dele. Muita coisa nasceu dessas demos. E a gente se reunia para arrematar cada faixa”.


HISTÓRICO
A banda começou muito psicodélica, mais rock de raiz, tipo The Who. Com 17 anos de estrada, começaram a flertar com o electro-rock. “Com a produção do Edu K, a gente tem propriedade pra fazer isso do jeito que a gente gostaria, como os gringos fazem, trazendo pra língua portuguesa”, revela. “Nessa vertente do rock, misturado com música eletrônica tipo de Manchester, como o Chemical Brothers, não nenhuma tem outra banda em português fazendo isso que a gente faz. A gente achou uma brecha pra atuar”.

NOS PALCOS
Para lançar o disco, há um show nessa sexta-feira (05.08), no Cine Joia. Será uma mescla no repertório, com umas quatro faixas do disco novo, algumas do anterior, e segue pista com hits da carreira. “Vai ser uma mistura de tudo porque a gente não pode deixar de tocar o que o público espera, o que eles mais gostam”, pontuou. Para o lançamento, a Cachorro Grande recebe o Autoramas, que também está com CD novo, chamado “O Futuro dos Autoramas”. As apresentações começam às 22h. Os ingressos podem ser comprados na porta (de R$ 20, meia, e R$ 40, inteira).

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