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“Tenho medo de perder o brilho da novidade”, afirma Claudia Ohana

Por André Aloi

O segundo semestre de 2016 começou agitado para Claudia Ohana. Ela se prepara para atuar no musical “Forever Young”, dirigido por Jarbas Homem de Mello, que estreará em agosto na sala Raul Cortez, no teatro FecomercioSP, em São Paulo. Também voltará para a TV no papel de Loretta, na novela “Sol Nascente” – com estreia prevista para setembro, no horário das 18h, na TV Globo.

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Aos 53 anos, Claudia Ohana tenta manter uma rotina de treinos na academia, mas não concorda muito quando é elogiada. Sempre acha que dá para melhorar. “Tô malemal. Mulher é muito exigida. O brasileiro tem um culto ao corpo, principalmente no Rio de Janeiro, e à juventude muito grande. Na Europa, já não é assim”, argumenta.

Em sua dieta, não entra junkee food. “Todo mundo fala que eu penso magro: gosto de saladinha e grelhado, mas eu preciso de arroz e feijão”, brinca. Mas acredita ser magra por outro motivo: “metabolismo acelerado. “Malhando, eu tomo Whey Protein, como muita fruta. É muito difícil manter uma rotina, mas eu procuro”, explica.

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E nada de ficar assustada com a idade. “Me sinto mais segura, melhor como artista. Tenho medo de perder o brilho da novidade. Poucas coisas me surpreendem. É disso que tenho pena de perder”, filosofa. É mentira dizer que ela não mudaria nada na sua trajetória, mas como ela mesma fala: “não existe ‘e se…’”, explica, dizendo que aprendeu isso com seu ex-marido, Ruy Guerra.

Muita gente tem uma imagem de Claudia como sendo uma mulher forte, discreta. Mas ela mesmo não acredita nisso, dizendo que se divide em duas pessoas: Maria Claudia e Claudia Ohana. “A primeira é a que foi morar com a tia na infância. E só depois foi morar com a mãe. Mas eu tranco ela no calabouço pra ser a outra”, brinca. “Elas brigam, não se gostam. É o que a família fala”.

Em cartaz com o longa “Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo”, Claudia vive Dona Rocilene, que sofre abusos e representa o estereótipo da mulher brasileira. “Aquela que não consegue sair do casamento, que apanha e acha que isso é um gesto de amor, que tem um marido que bebe, não tem horizonte na vida”, analisa. Quando morou com a tia, na infância, viveu algo parecido. Seu tio era alcoolatra e vivia atormentando a mulher. “Sofria pressão psicológica e sei o que é isso. É horrível, você tem medo da pessoa”.

Não tem como deixar de relacionar os casos de abuso com o mais recente deles, envolvendo Luíza Brunet e o empresário Lírio Parisotto. “Fico pasma que as mulheres ainda hoje apanhem, ainda mais uma mulher como a Luiza. Fiquei chocada”, pondera. “É um momento delicado de falar sobre isso, pois depois do estupro coletivo no Rio, quando a gente ouviu de mulheres que a culpada era a vítima (pois se insinuava e se drogava), aí eu falo: ‘meu deus, que seres-humanos são esses?’ Ninguém merece apanhar. Ainda mais uma mulher, que é mais frágil. O caso da Luiza eu não posso comentar porque não sei. Acho importante ela falar sobre isso para acabar com a violência contra a mulher”, encerra o caso.

DE VOLTA ÀS NOVELAS
A sua nova personagem na TV é uma imigrante italiana que se casa com Marcello Novaes, com quem tem dois filhos. Ela abandona a família para trabalhar no “Médico sem Fronteiras”, na África, mas o real motivo não é revelado. Ela tem três filhos: Bruno Gagliasso, Giovanna Lancelotti e o João Côrtes (conhecido por fazer comerciais de uma operadora de celulares). Para esta personagem, Claudia precisou aprender a cozinhar. “A base da nossa família é a cozinha. Aprendi a fazer pão e canolli, mas é muito difícil. Esse eu não aprendi. Tentei, mas não consegui”, explica.

Claudia conta que a personagem tem a ver um pouco com sua história pessoal. “Fui morar com a minha tia até os nove anos de idade. Só fui morar com minha mãe nessa idade. A gente sempre empresta um pouco (da vida pessoal). Mas neste caso, estarei do outro lado. Eu era a filha, hoje sou a mãe. Tem que ter uma boa razão mesmo para abandonar. É complicado”. Ela já era bem resolvida com essa história. Lembra com ternura do tempo que foi morar com a mãe. “Sou resolvida, falo sobre isso, não me atinge em termos de mágoa, de chorar, mas no fundo sou marcada. Ou você fica forte ou se perde”.

MUSICAL EM SP
No elenco de “Forever Young”, um musical dirigido e protagonizado por Jarbas Homem de Mello, Claudia voltará a cantar. Ela conta que não tem medo de envelhecer, mas de morrer, tem pavor. “É engraçado porque esse musical fala sobre velhice. É um asilo de artistas, que vivem na década de 2050”, situa. “A gente começou a fazer o trabalho de corpo, pra ficar velho, e fica imaginando como é ficar velho. Esse negocio de se cuidar, tem a ver com ter uma velhice melhor, senão vai doer tudo”.

NUDEZ E ENSAIO NU
Em tempos de dublê de corpo, questionamos: “Você tem problemas com nudez”. Aos risos, a resposta: “Você está perguntando para a pessoa errada, né? Faria a cena numa boa, não usaria dublê”. Capa da Playboy por duas vezes (fevereiro de 1985 e novembro de 2008), Claudia Ohana afirma que toparia ser capa nessa nova fase da revista. “Ia ser engraçado, ia ser bom. A revista virou um histórico meu. O segundo ensaio é lindo, lindo, lindo… Ia ter que vir toda raspada para ver se param com isso”.

Já faz quase oito anos desde a última vez que ela posou nua. Caso fosse convidada, não tem ideia do tema: “Não sei, me dá uma ideia. Mas, com certeza vem raspada. Ou não! Com certeza, queria vir linda. Nada de praia nem cavalo. Ia fazer algo mais rock ‘n roll, meio Natacha. Ela está muito em voga. Acho que seria bonito ago dark, pois já fiz no deserto e em Nova York. Esse último o ensaio durou quatro horas, mas pra mim foi pra sempre. Talvez faria uma votação sobre o que o povo gostaria”, pontua.

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