Por Natália Antunes
“É muito bom poder fazer o que gosto e ainda conhecer o mundo, estou triste que está frio”, compartilhou Lou de Lâage enquanto tomávamos um café logo pela manhã. A atriz veio ao Brasil pela primeira vez durante o Festival Varilux de Cinema Francês, em junho, para divulgar seu mais novo trabalho, o longa “Agnus Dei“.
Dirigido pela atriz e diretora Anne Fontaine, o drama histórico conta a história de Mathilde, protagonista interpretada por Lou, uma enfermeira ateia francesa que descobre que as freiras polonesas moradoras de um convento vizinho foram estupradas por soldados invasores. Apesar da ordem de prestar socorro apenas aos franceses, a personagem começa a tratar secretamente de todas as freiras e madres. “É um encontro entre o cético e o religioso. Uma conexão entre dois mundos que, na realidade, nem são tão diferentes quanto aparentam ser”, declarou.
Para um dos papéis mais intensos da jovem carreira, a atriz precisou se preparar psicologicamente e fisicamente : “Nós filmamos durante dois meses em uma pequena cidade da Polônia com nada mais de especial do que um hotel. É um país com uma história tão triste que é possível ver isso no rosto da população e isso de certa forma me cansava, mas eu me agarrei nesse sentimento para dar vida à Mathilde”, relata.
Leia Mais: “#RGEntrevista Aláfia: Defendemos o povo antes da cultura, diz Eduardo Brechó”
Começando a atuar para seriados de televisão, o primeiro papel de destaque de De Lâage veio em 2011, quando estreou no cinema ao lado de Pierre Niney em “J’aime Regarder les Filles”, sem título em português. Desde então, a francesa resolveu abrir um leque de opções que vai das telonas aos palcos de teatro: “Eu tenho muita sorte de poder atuar em tantas áreas. No início, meu sonho era ser apenas atriz de teatro, mas a vida me deu tantas oportunidades dentro do cinema. Acho muito interessante como ambos são formas tão diferente de trabalho, mas complementares.”
Nomeada ao Prêmio César na categoria de atriz revelação por seu trabalho em “O Salto de Jappeloup“(2013), um dos maiores papéis de Lou chegou em um ano depois, ao participar do filme “Respire”, da diretora Mélanie Laurent. A narrativa foi selecionada para a Semana da Crítica do Festival de Cannes de 2014.
Com uma carreira promissora pela frente, a atriz recebeu o Prêmio Romy Schneider em 2016, oferecido anualmente aos expoentes do cinema francês: “Quando interpreto um personagem é natural que eu coloque um pouco de mim, porque é a sua sensibilidade, é você.”