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#RGentrevista Aláfia: “Defendemos o povo antes da cultura”, diz Eduardo Brechó

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Por Carol De Barba |

Aláfia, em ioruba, significa caminhos abertos. Quando a banda Aláfia apresentou seu show no terceiro dia de Vento Festival, fez mais do que abrir um caminho: transportou a plateia para um outro universo. Com 11 artistas em cima do palco, performance poderosa e letras questionadoras (“Não posso acreditar que existe um Deus que feche com a segregação… Gênero, cor, religião”, cantam na música “Preto Cismado”), eles foram um dos destaques do evento. Agora, o grupo se prepara para uma temporada de quatro shows em São Paulo, a partir de domingo (3.06) – confira o serviço no fim da matéria.

RG bateu um papo com Eduardo Brechó, voz, guitarra e direção musical da Aláfia, sobre o espetáculo, a banda e o recém-lançado segundo álbum, “Corpura”. Confira:

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Por que vocês escolheram esse nome para a banda? O que ele diz sobre vocês?
Não diria exatamente que escolhemos este nome. A palavra Aláfia tem um sentido muito forte. É uma sensação maravilhosa quando se ouve esta palavra e se sente o significado disso. Na dimensão mágica da confirmação da abertura de caminhos. Muitos traduzem isso como “paz”. Que seja! Axé! O nome Aláfia Máfia já estava no ar em brincadeiras com outros amigos dançarinos e percussionistas. Quando começamos a fazer shows com este bando que hoje é a banda, o nome (esta palavra) apenas continuou nos tutelando. Não me lembro de uma reunião pra decidir isso. Acho que foi natural. Poderia tentar associar este nome a nós, mas creio que nós que tentamos associar o que fazemos a este nome: nos abrindo para os caminhos.

O universo urbano e a ancestralidade afro-brasileira são elementos muito importantes na música de vocês, tanto nas melodias quanto nas letras. Sempre foi assim?
Sim.

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Quais são as outras grandes influências da banda?
Parafraseando Hyldon: Deus(es), a Natureza e a música. Tudo que convivemos pode nos influenciar. Independente do que buscamos, se há abertura, absorvemos. É cotidiano e fluido. Há, evidentemente, artistas que nos inspiram e pessoas que admiramos muito. George Clinton e Gilberto Gil pra ficarmos na letra G.

Trabalhar questões sociais também sempre foi natural para vocês?
É vontade política. Também é natural porque não desassociamos cultura de povo. Defendemos o povo antes da cultura. O povo produz cultura e deve permanecer vivo pra isso e racismo mata. E machismo mata. E homofobia mata. A conta é por aí: ficar vivo é a cota do progresso.

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Como funciona o processo criativo? É mais desafiador por causa da quantidade de integrantes da banda?
Há partes e processos da criação que são mais individuais e outras mais coletivas. Há quem participa mais e outros que participam menos. O desafio é equilibrar as expectativas e interesses. Não esperar que todos sejam e façam o mesmo que você é um desafio. Não cobrar. Conviver com o outro enriquece. Não esperar reconhecimento por fazer demais também é um desafio.

E na hora de levar tudo isso para o palco… Como funciona a dinâmica? Vocês ensaiam muito?
Ensaiamos sempre. Não é demais. Volta ao lance do convívio. O palco entrosa mais que o ensaio. Mas o ensaio é um rito interno muito importante para trabalharmos detalhes. Em ambos os casos se aparam arestas que nunca se cansam de aparecer.

O que mudou na banda do primeiro para este segundo disco, “Corpura”?
A presença do Fábio Leandro é um fator decisivo. A banda se conhece mais a cada momento. Sinto mais maturidade neste disco. O primeiro foi feito em quase dois anos. Foi muito importante fazer. O segundo foi mais objetivo e parece mais conciso. Há uma influência da estrada. Do caminho. Espaços que circulamos que nos mudam como pessoas.

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O que vocês destacam nesse trabalho?
É um álbum feito com muito cuidado. É minucioso. Foi fiado entrelaçado. É um tecido firme. Um texto forte. Musicalmente é o som da banda no estúdio. É um sonho se realizando. É o funk-candomblé do Aláfia levado a um outro nível.

Além de Eduardo, a Aláfia é formada por Xênia França (voz), Jairo Pereira (voz), Alysson Bruno (percussão), Victor Eduardo (percussão), Lucas Cirillo (gaita), Pipo Pegoraro (guitarra), Gabriel Catanzaro (baixo), Gil Duarte (trombone, flauta), Filipe Vedolin (bateria) e Fabio Leandro (teclado).

As canções de “Corpura”, assim como outros trabalhos da Aláfia, estão disponíveis para streaming (clique aqui para ouvir!). Para ver o clipe de “Corpura Adinkras”, é só apertar o play abaixo:

SERVIÇO
Show da Aláfia
Todos os domingo de julho (3.07, 10.07, 17.07 e 24.07)
No Grazie a Dio (Rua Girassol, 67), às 20h
(A cada apresentação haverá um convidado diferente. Para inaugurar, Seu Mateus Aleluia)
Garanta seu ingresso aqui

Foto: Sté Frateschi

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