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Em turnê, Ellie Goulding se rende ao pop com dancinhas, mas voz é a verdadeira redenção

Por André Aloi |
Enviado especial a Miami, nos Estados Unidos*

Ellie Goulding tem tentado mentir para si mesma. É a conclusão que se chega ao assistir à nova turnê, Delirium – do álbum de mesmo nome (lançado no Brasil em 2015, pela Universal Music). Ela é uma ótima voz por trás da imagem de boa moça e um belo par de pernas. E não o contrário, como ela tem tentado vender desde o recente trabalho. Além de fazer as pessoas se mexerem um pouco, há partes somente ela e o violão – às vezes na percussão.

Apesar de ter deixado a prateleira de cantora indie há algum tempo – para investir em uma imagem que mais se assemelha às das cantoras pop -, essa pose e sex appeal não se sustentam por si só e dão algumas derrapadas a fim de encontrar um meio termo entre as duas coisas. As diferentes trocas de roupa, dancinhas sensuais com os bailarinos, não conseguem sobressair as partes em que ela aposta na voz como principal argumento de conquista do público.

Até o meio do show, a cantora seguia direitinho o script das apresentações que tem feito, abrindo com a música de mesmo nome do mais recente disco, passando por Aftertaste, Holding On For Life, Goodness Gracious, Something The Way You Move, Outside, e Devotion. Acrescentou algumas coisas, e entre uma música e outra, contava histórias sobre as faixas, da sua relação com a cidade (de Miami) e queria saber se o público estava curtindo o show com um amigo – aquele famoso clichê.

Em grande parte, o repertório é composto por faixas de Delirium, mas as parcerias com Calvin Harris – como Outside e I Need Your Love – não ficam de fora, nem a Love Me Like You Do, trilha sonora de Cinquenta Tons de Cinza. O show é dividido em cinco atos: o primeiro em que ela aparece mais sensual (com uma roupa preta colada e pernas de fora), uma outra com detalhes em neon, a terceira em que ela vem ao palco com um angelical vestido branco, uma versão mais rocker vem depois com jaqueta de couro e coturno, e termina com uma roupa colorida, no último ato.

Ela convence com a boa voz em uma versão à capela no comecinho de Lights, quando pede para todo mundo no estádio ficar quietinho. Ela insiste, mas enfrenta resistência: as pessoas continuam a gritar. Segue assim mesmo, com pouquinho de barulho. Como a voz, par ela, é tudo, sua conquista vem também do bate-papo em que mantém entre as faixas.

Ellie conquista também com seu tom suave, com leve rouquidão, e um ar despojado: “a cidade estragou com meu cabelo”, brincou. Antes do bis, pediu para que todo mundo guardasse seus celulares: “Ir a um show do seu ídolo é mais do que filmar. Quero sugerir que vocês guardem seus celulares. Quando seus amigos perguntarem como o foi o show, digam que eles precisam assistir. E não apenas mostrem os vídeos que gravaram. Vamos baixar os celulares, esquecer, e curtir o show”, argumentou na antepenúltima música do setlist, “Burn”.

Voltou para entoar Anything Could Happen e a faixa que pertence ao casal do cinema Christian Grey e Anastasia Steele, mas muitos dos americanos já haviam desistido para não enfrentar trânsito.

RG acompanhou o show dela em Miami, nesta sexta-feira (03.06), nos Estados Unidos. Em breve, a cantora deve levar o novo show ao País, com grandes chances de ser headliner de um festival. A última vez que ela esteve no Brasil foi no Lollapalooza, em 2014.

Um vídeo publicado por Site RG (@siterg) em


SETLIST

Intro (Delirium)
Aftertaste
Holding on for Life
Goodness Gracious
Something in the Way You Move
Outside
Keep on Dancin’
Don’t Need Nobody
Devotion
Explosions
Lights
Army
Lost and Found
Figure 8
On My Mind
Codes
Don’t Panic
We Can Move to This
I Need Your Love
Burn

BIS
Anything Could Happen
Love Me Like You Do


*O repórter viajou para os Estados Unidos a convite do Visit Florida – bureau de Turismo do estado americano – e assistiu à apresentação a convite da Universal Music Brasil, que representa Ellie Goulding no Brasil.

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