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“Não tenho paciência pra romance, só penso em vencer”, diz Karol Conka, que faz turnê na Europa

Por André Aloi

“Não tenho paciência pra romance, só penso em vencer. Vamos viver feliz e ficar bem de vida”, diz  Karol Conka na primeira frase que trocamos, quando questionei se ela acreditava ser uma capricorniana típica (ela faz aniversário dia 1 de janeiro, nasceu em 1987). Geralmente, quem é jornalista pena para conseguir uma boa frase do entrevistado para um título. Lê e relê o texto a fim de encontrar o lead (o primeiro parágrafo, com o mais importante) dentre as anotações. Nessa entrevista, não foi preciso nada disso.

Aos 29 anos, a cantora de Curitiba (PR) está na Europa, onde fará nove apresentações a partir desta quinta (19.05). Fará sua terceira turnê consecutiva por lá. “Além de looks babadeiros do Fernando Cozendey (Rodrigo Polack e Anna Boogie assinam o styling), o DJ set terá percussionista, no mesmo formato do Lollapalooza, mas sem bailarinos”, explica. No setlist, não pode faltar “Boa Noite”, “Caxambu”, Sandália”, “Tombei”, e “É o Poder”. Vai ser uma espécie de despedida da era “Batuk Freak” (2013), pois na volta já estará totalmente antenada em seu novo trabalho, que será lançado em agosto, ainda sem nome.

Essa semana, a cantora foi metida em uma polêmica à revelia. Um jornal carioca disse que seu cachê já ultrapassava o de Anitta. Ela estaria cobrando R$ 130 mil por um único show. “Não condiz com meu lifestyle”, defende-se. “Que bobeira. Achei desnecessário. Hoje, matéria sensacionalista se espalha rápido, e as pessoas têm preguiça de se informar. Mas como eu sou da galera transparente, usei minhas redes sociais pra mostrar que é mentira. Tem um público que não me conhece, ficou me conhecendo por causa dessa notícia”.

Com cinco anos de carreira profissional, a cantora viu seu reconhecimento crescer entre os fãs. Algo que não esperava até então. “Quanto mais verdadeiro, maior é o feedback. Não faço música para viver nesse mundo da fama, gosto de passar minha mensagem. Claro que gosto de reconhecimento absoluto. Mas fama é diferente do sucesso. Eu almejo sucesso, que é consequência (do trabalho). Eu acho que estou com a cabeça preparada, tenho idade. Não sou nenhuma menininha deslumbrada”.

Ela consegue separar bem sua vida pessoal do trabalho. E diz que os outros respeitam. Tanto que ela tem um filho de 10 anos, o Jorge, que quase nunca aparece. É porque ele mora com a mãe de Karol, na capital paranaense, onde estuda. A cantora mora meio lá, meio cá (em um apê, em SP). “O fato de ser mãe cedo, me deixou magoada na época. Lembro de uma frase do guarda-roupa da minha mãe: ‘o sofrimento abre caminho para a elevação da alma’. Foi quando consegui recuperar as forças. Acho que foi da maternidade”, contextualiza.

Como ela não quis ficar com o pai da criança, mas eles continuaram amigos, ela se sentia uma m… “Porque é isso que a sociedade faz. Quando a mulher decide ser mãe solteira, é pior ainda”, cutuca. Ela diz que encontrou na música uma forma de se libertar dessas amarras. “Não queria ser só uma artista, mas uma estrela do rap”, relembra. E conseguiu. “Eu me considero uma representante, uma porta-voz deles (os fãs). Talvez pelo feedback que eu recebo, pelas mensagens. No camarim, quando falo com eles, não é só uma foto. Gostam de olhar no meu olho e falar o que minha música representa para eles. Também gosto de ouvir”.

MÚSICA DE PROTESTO
Expoente da tal Geração Tombamento, Karol crê que a música toma pra si um discurso. E não vem de hoje. “O momento está mais propício, pois temos negros poderosos. Na época da Nina Simone era f… Ela ficou louca porque não tinha força, ninguém queria dar ajuda. Beyoncé esperou o momento certo só para continuar o que a Nina estava fazendo”, pontua, falando sobre o “Lemonade”. Sem entrar em detalhes, fala que seu novo trabalho será a libertação da mente. “Enquanto só falam de problema, trago solução. Pra atrair só coisas boas”.

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