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“Chegou ao seu ápice”, diz criador da Snaps Fanzine, que chega à última edição

Por André Aloi

Lá se vão quase três anos desde que a primeira edição da Snaps Fanzine (uma publicação semestral, que expõe a nudez masculina de forma artística e não vexatória) começou a ser pensada. Era abril de 2014 quando a primeira edição viu a luz do dia. Agora, depois de cinco edições, ela chega ao fim. Os fãs podem colaborar com um crowdfunding para que esta nova e última edição seja publicada e o prazo é este domingo (10.04). O projeto deve continuar em outras plataformas e deve lançar um livro de luxo com o melhor das edições.

“Como idealizador, vi que o projeto tinha chegado ao seu ápice. Este é só o pré projeto de outras coisas que quero começar a fazer, e o que eu tinha pra mostrar e fazer com o Snaps referente à nudez masculina foi feito nessas cinco edições”, diz Gianfranco Briceño, fotógrafo e idealizador da publicação ao lado de Eduardo Viveiros, que cuida da parte editorial, enquanto Guilherme Falcão faz a direção de arte e monta revista. “A primeira edição foi uma espécie de portfólio de um trabalho paralelo que eu fazia junto às minhas fotos de moda”.

Ao longo desses anos, diferentes artistas participaram do projeto: Thiago Pethit e Theodoro Cochrane, além de Davi Sabbag, da Banda Uó. Para a edição final, que deve ser lançada no início de maio, a dupla chamou o ator Mauricio José Barcellos, do aclamado filme “Beira-Mar”. “Convidamos depois de ver o filme. Ele se encaixava muito bem no perfil dos meninos que queríamos para essa edição: mais novos, menos fortes, mais delicados”.

O sucesso, Briceño credita ao fato de a nudez ser tratada sem tabus, de forma natural, livre e direta. “Consigo enxergar um lado sincero na hora de fotografar os meninos. O homem está lá de cara limpa, apenas tira a roupa, não tem com o que se preocupar, não tem maquiagem, não tem poses prontas. Esses meninos estão mais a serviço da foto do que deles mesmos”.

“Como se percebe, o nu masculino e a exibição do pênis são menos recorrentes na mídia. Paralelamente, é comum e ‘natural’ que o corpo feminino nu esteja em um outdoor e seja mais aceito pelo público, sem maiores questionamentos e estranhezas, ainda segundo o idealizador da publicação. Isso tudo é muito repressivo, pois define o órgão genital externo (pênis) como algo ruim e o interno (vagina) como bom, como se a sexualidade tivesse que ser oculta”.

Apesar de as fotos terem conteúdo”sexual”, em suas palavras, comenta que é um tesão mais honesto. “Além do fato de termos feito uma publicação impressa com materiais nobres, bem acabada, não foi mais um projeto que surgiu na internet, o produto final era palpável, tinha cheiro de tinta, era enviado pelos Correios. Esse vácuo que existe nesse tipo de publicação, principalmente aqui no Brasil”.

Por falar em vácuo, a publicação não conta com nenhum tipo de apoio ou patrocínio. Por isso, repente da arrecadação popular (por meio do Catarse) para levar a revista à gráfica. “Imprimir é muito caro”, reclama. No entanto, num futuro próximo, a publicação deve ganhar uma edição de luxo em formato de livro.”Somos entusiastas da cultura impressa, então nunca iremos fazer “edições digitais” ou algo do tipo. Estamos estudando outros produtos e formatos sim, as publicações acabam mas o projeto Snaps Fanzine continua. Todo mundo pede (um livro), mas mais pra frente, por enquanto vamos nos concentrar em novos projetos”. Quando a Snaos foi lançada, não havia nenhum outro trabalho do tipo. Depois de abrir discussão sobre o nu masculino de forma artística, querem ir além do que conquistaram. “Queremos ir além do que fizemos, e para começar algo novo precisamos dar fim ao que começamos”, pontua.

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