Por André Aloi
Coldplay apresentou a turnê “A Head Full Of Dreams” para um Allianz Parque lotado, nesta quinta (07.04), em SP. Pulseiras distribuídas para o público piscavam as cores da capa do mais novo disco, e – do início ao fim – o público era surpreendido por explosões de papel picado na passarela estendida do palco, a impressão era igual a dos pozinhos de festivais das cores.
Lá se iam quase duas horas em cena, quando dois caras subiram ao palco para fazer o pedido de casamento às suas respectivas namoradas no meio de “Sky Full Of Stars”. Chris Martin pediu para a banda parar a música e mandou os quatro subirem ao palco. Explicou que havia visto placas com os pedidos, na plateia. Depois de dizerem o “Sim”, ele deu um abraço coletivo neles, e prosseguiu com a música. Essa imagem mostra o quão acessível é o vocalista “bom moço”, simpático, e cidadão do mundo (e preocupado com questões sociais).
Nas primeiras palavras trocadas com o público, falou: “Boa noite, pessoal. Boa noite, paulistas”, riu, ao terminar a faixa-abre e que pega emprestado o nome da tour e do novo álbum. “Que alegria estar no Brasil. Vosso país é lindo”, completou, no fim de “Yellow”. “Muito obrigado, boa noite”. Emendou “Every Tear Drop ia a Watertall”. Em vários outros momentos, desculpou-se por ter gastado seu português todo em “Yellow”. Em outro momento, disse que uma das coisas que mais gosta, quando está em turnê, é visitar o País. “Melhor sentimento, porque vocês são fofos. Obrigado a todos, é ótimo estar aqui”.
Democráticos, Chris Martin (vocalista), Guy Berryman (baixo), Jonny Buckland (guitarra) e Will Champion (bateria) tocaram – além do palco principal, em outras duas extensões, montados bem no meio do estadio, na separação das pistas VIP e comum, e outro no canto esquerdo, próximo à arquibancada. Numa dessas passagens de um para outro, pegou um macaco de pelúcia jogado pela plateia, e ficou com a bandeira do Brasil pendurada na calça durante toda a produção.
Nos telões, muitas cores e edições de imagem que convidavam o público a uma viagem psicodélica, ainda que o som deles seja água com açúcar. O espetáculo teve ares monumentais, como a apresentação deles no Super Bowl, quando foram atração do show do intervalo. Formado por muitos casais, alguns de mais idade e alguns na epítome da adolescência, o público entoava em coro os refrãos mais famosos, como “Viva La Vida”, “The Scientist” e “In My Place” – uma fase mais, digamos, “Coldplay de raiz”. Na época em que suas músicas eram menos afetadas por essas cores e psicodelia que em nada combinam com as faixas ensolaradas e explosões pop dos mais recentes álbuns.
Antes do bis, “Speed of Sound” foi anunciada como a escolha do público paulista. No telão, foram exibidas mensagens de fãs com as bandeiras do México, Argentina, Chile, e encerrando com a mensagem de duas fãs brasileiras. Os vídeos foram gravados em Lima, capital do Peru, em recente passagem por lá (5 de abril). A dos brasileiros, logo que os portões abriram nesta quinta. No domingo (10.04), a banda se apresenta no Rio de Janeiro, no Estádio do Maracanã.
Este pode não ter sido o show mais autoral – talvez nem mais o animado – da banda, que tem infinitas passagens pelo Brasil (a última foi há cinco anos, no Rock in Rio 2011). Quem reclamou da pirotecnia e artefatos que deram corpo à apresentação ofuscou, no fundo, os artistas. De repente, eles não queiram mais mostrar suas verves mais criativas. Mas mostra a força que o Coldplay, como poucas as bandas, ainda consegue lotar estádios.