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“A torcida quer ver goleada”, diz Emicida sobre Lollapalooza, que promete surpresas na “escalação”

Por André Aloi

Emicida se apresenta no Lollapalooza neste domingo (13.03), às 19h35, no Palco Perry. Apesar de não ser novidade fazer show num grande festival, até porque ele já figurou no line-up do Coachella, o artista fala que a expectativa é grande. “Você tem um preparo, mas o frio na barriga continua o mesmo. Porque está jogando em casa. Quando isso acontece, a expectativa é muito grande. A torcida quer ver goleada. Clássico é clássico! Então, estou nessa empolgação”. O Lolla acontece neste fim de semana (dias 12 e 13 de março), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

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Para a apresentação, o artista pensa em fazer a versão completa da faixa “Mandume”, de seu mais recente álbum, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” (Sony Music, 2015). Na versão original, há participações de Drik Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzik e Raphão Alaafin. “A gente só conseguiu fazer essa versão ao vivo, com todo mundo, no show de lançamento do álbum, no ano passado. Vamos tentar fazer com todos os caras novamente. Vão ter outras participações, mas prefiro mantê-las em segredo, pois preciso de algumas confirmações”, informa.

Ter Eminem como headliner e Snoop Dogg (até então, que cancelou sua apresentação de última hora por motivos pessoais), o gabaritou para ser confirmado como umas das atrações mais aguardadas. “É bacana ter esses dois grandes nomes, pois quase nunca tem show de grandes artistas de rap no Brasil. O Lolla acaba funcionando como uma ponte, me sinto agraciado por fazer parte dessa energia”, diz ele, que quer assistir ao Alabama Shakes.

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Ele conta que está mexendo no setlist, tirando algumas coisas que faz normalmente no show de turnê, que chega a ter 3h de duração. “Quando você vai para um público de não sei quantas mil pessoas – sei que é gente pra c…- você tem que pensar no setlist de maneira específica. E é o que estou fazendo agora”, revela. “Não me obrigo (a tocar só hit). Penso ao contrário. Como não é meu público, tenho oportunidade de fazer uma experiência totalmente diferente. Fazer um show como este, me deixa até mais livre do que para o meu público – que vai ficar me pedindo pra tocar determinada música”, comenta , explicando que estava desenhando o jogo de luz e as roupas que vai subir ao palco.

Emicida se considera um “diabo da Tazmania” (em referência ao personagem da Looney Tunes”) porque, segundo ele, vai girando e atacando em todas as áreas. Quando pequeno, gostava de desenhar HQs e sonhava em ser quadrinista. “Lancei uns fanzines quando tinha 15 anos, chamado ‘Revolução através das Palavras’, que ganhei um prêmio. Fiz uma coisinha ou outra de ilustração pra pagar umas contas. Desde que fiquei em evidência na música, tenho me entregado pouco a isso. Tenho voltado a desenvolver um roteiro porque quero lançar uma história em quadrinhos em breve, talvez esse ou o próximo ano”, diz ele, que já enche o saco dos diretores de seus clipes. “Eu vejo tudo isso como uma coisa complementar. Como sou formado em Design, quero dar palpite em tudo isso”, argumenta.

Sua última incursão é pela moda, cuja parceria com a West Coast (que tem direção criativa de João Pimenta) deu origem a um desfile na Casa de Criadores, em 2015. “O desenho sempre me levava a contar história. E fazer rap é contar história. Hoje, se estou fazendo música, me vem uma ideia que posso fazer isso através de uma roupa. Às vezes, vira uma peça da Laboratório Fantasma (seu selo) ou uma colab, por exemplo, com a West Coast”. Este ano, ainda é incerta sua participação na semana de moda B-Side. Ele está redesenhando algumas peças, que devem ser vendidas no segundo semestre.

“Cantor, cantor eu não sou. Tipo Dorival Caymmi, Caetano Veloso… Uma vez, o Wilson das Neves me falou o seguinte: ‘eu não sou cantor, sou contador de histórias’. E me vejo muito debaixo desse guarda-chuva. O que tenho de mais valioso é contar uma história e levar a pessoa pra dentro de um contexto”, conta. “Nesse caso, a Marina (Santa Helena, sua namorada e apresentadora de TV) fica muito no meu pé. Para eu me apegar nesse lance. Ela tem uma parada bacana, pois a gente compartilha muita coisa que a gente admira”, comenta, dizendo que os dois são muito parceiros e um dá pitaco no trabalho do outro.

Emicida afirma que não fica pensando muito no que falta conquistar na carreira, apesar de viver um momento confortável criativo. No último CD, há participações de Vanessa da Mata e Caetano Veloso. “Não fico pensando muito nisso. Vou seguir aquele ditado da Dilma (Roussef, a presidente): Vou deixar a meta em aberto, quando chegar lá, vou dobrar a meta”, pontua. Atualmente, seu grande sonho é trabalhar com Djavan. “Se você falar com ele algum dia, fala que quero trabalhar com ele”, brinca, dizendo que tem uma faixa que é apaixonado “Jogral”, do álbum “Seduzir” (1981). “Djavan tem uma busca rítmica, o jeito que ele brinca com as palavras. Ele faz rap ali. Me influenciou muito neste último disco”.


FAMÍLIA
Cercado de mulheres – sua mãe (Dona Jacira), irmãs, filha Estela (de 7 anos, de seu relacionamento com a ex-namorada Carolina) e a namorada Marina -, sonha em ter uma família grande: “gostaria. É uma ambição. Mas demanda uma atenção muito grande. Nesse momento, não teria tempo para cuidar como deveria. Agora, estou conseguindo cuidar da música”. Bairrista, continua morando em São Paulo retratada em suas músicas. “O Mano Brown fala da zona sul até umas horas, tento ser isso na Zona Norte”.


 

CARREIRA INTERNACIONAL
Além do Brasil, o último CD teve lançamento concomitante com Portugal. Ele foi pra lá, promover o lançamento. Ele crê como um investimento, já que ao conquistar um novo território parece o início de carreira. “O pessoal estava muito curioso. As pessoas não têm ideia de como o free style é impactante. Parece que aquilo é a primeira vez que está sendo feito no mundo. Às vezes num show de mil pessoas, você não consegue trazer a profundidade do free style com essa magnitude. No de 300, está todo mundo muito próximo, se encosta, me dá um frio na barriga do c… Quando vou vou tocar na Hungria, não sei nem o que fala lá. Chego lá e estou realmente nervoso, mas fico pensando: ‘não vai dar certo’. Mas até agora, deu”.

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