Por Eleonora Rosset
Todo ano, milhões de pessoas do mundo todo assistem a essa cerimônia, a mais importante premiação do cinema. Vestidos e joias no tapete vermelho, entrevistas bobas na TV e uma correria atrás das celebridades. Faz parte. A 88ª edição do Oscar, na noite do dia 28 de fevereiro, não foi diferente.
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Aliás, minto. Havia uma questão de boicote dos artistas negros, que se sentiram desprestigiados por não haver nenhum deles entre os indicados ao Oscar. Injusto, lógico.
Mas, como estamos em Hollywood, encerrou-se o assunto na abertura, com o mestre de cerimônias negro, Chris Rock, chamando a atenção para a falta de sentido do protesto, fazendo piadinhas que divertiam a plateia, focalizada rindo.
E ficou assim: “Hollywood tem um racismo fraternal!”, proclamou Chris, dando início ao show. E as duplas que abriam os envelopes, quase todas tinham um ator ou atriz negra no palco. Ficou resolvida a questão à maneira de Hollywood: “The show must go on!”
Quase todos os filmes da lista dos melhores foram premiados, para contentar a indústria. E eram quase todos merecidos.
De cara, “Spotlight” ganha o Oscar de melhor roteiro original e “A Grande Aposta” o de roteiro adaptado. Foco em Charlize Theron, linda, atriz de “Mad Max”, de Dior vermelho com um profundo decote.
E o título de queridinha de Hollywood encontrou uma séria candidata na sueca Alicia Vikander, de “A Garota Dinamarquesa”, 28 anos, melhor atriz coadjuvante num filme onde só tinha ela de atriz principal, par de Eddie Redmayne, indicado a melhor ator. Coisas do Oscar. De amarelo, cabelos soltos, a garota conquistou o público e as câmaras.
O duelo entre os filmes que tinham maior número de indicações ficou assim: “O Regresso”, indicado a 12 levou 3 e “Mad Max: Estrada da Fúia”, indicado a 10, ganhou 6.
Só que os mais importantes foram para o filme do mexicano Alejandro González Inárritu, que ganhou pela segunda vez consecutiva o Oscar de melhor diretor e também o de melhor fotografia (Emmanuel Lubeski) e o de melhor ator para Leonardo DiCaprio, que era a estrela principal da noite, sentado ao lado da mãe na plateia.
“Mad Max” ficou com todos os prêmios técnicos: figurino, direção de arte, cabelo e maquiagem, montagem, mixagem de som e edição de som. George Miller, o diretor, parecia feliz com os prêmios de sua fábula feminista pós-apocalíptica.
Na primeira cadeira da primeira fila, Cate Blanchett era a decoração preferida da noite. Num Armani Privé verde água, com aplicações de flores e pluminhas, ela estava uma aparição, de tão maravilhosa.
O Oscar de efeitos visuais foi para um fime muito original, “Ex-Machina”, no qual Alicia Vikander faz uma replicante tipo “Blade Runner”.
E o Brasil perdeu o Oscar cobiçado. “O Menino e o Mundo”, poético e inteligente, teve que ceder lugar ao favoritismo de “Divertida Mente”, da Pixar.
Spielberg sorriu quando Patricia Arquette chamou Mark Rylance para receber seu Oscar de ator coadjuvante em “Ponte dos Espiões”. Ele está ótimo e ofusca Tom Hanks.
“Amy” foi o melhor documentário, um adeus a uma menina talentosa e triste.
No mais, bandeirantes vendem biscoitos na plateia e levantam quase 66 mil dólares.
O “in memoriam” saudou os que se foram e logo veio o prêmio para o melhor filme estrangeiro, “Filho de Saul”, húngaro e favorito. Imperdível para os fortes.
E Lady Gaga, de branco, cantou e tocou num piano branco. Ovacionada.
Ennio Morricone, 88 anos, emociona com o prêmio de melhor trilha sonora para “Os Oito Odiados”, de Tarantino.
Brie Larson, num vaporoso vestido azul é a melhor atriz (“O Quarto de Jack”) e Julianne Moore, linda de Chanel, entrega o prêmio de melhor ator para o Leo. Bravo!
O final foi incrível. Nunca vi ninguém fazer uma tal cara de surpresa e desapontamento ao abrir o envelope de melhor filme. Morgan Freeman parecia não acreditar no que lia. “Spotlight” foi o melhor filme. Alguém entendeu? Ganhar de “O Regresso”, uma obra prima do cinema?
Oscar também tem disso… Ano que vem tem mais.