Por André Aloi
Se 2015 foi um ano bom para Marina Person, o que dizer de 2016? Ela acaba de chegar ao Brasil depois de uma tour internacional para promover “Califórnia” – que inclui passagem pelo estado americano tratado no filme e ainda Berlim, onde apresentou o longa no festival – para abrir a Ocupação Person (em homenagem ao seu pai, Luiz Sergio Person [1936-1976]), no Itaú Cultural, em São Paulo – em exposição até abril.
Do pai, ela herdou a vocação para os cinemas. Mas Marina não quer ser conhecida como uma cineasta monotemática. E é nisso que mais se espelha no pai. “Ele é uma inspiração, tem filmes tão diferentes entre si. Ele circulou entre gêneros e estilos tão diferentes. É uma coisa boa ter isso como inspiração. Não vou ficar presa a uma fórmula porque ‘Califórnia’ deu certo. Não sei se vou repetir isso no próximo filme. Ele foi passeando, circulando muito sobre os gêneros e estilos cinematográficos. Uso como guia na minha vida”, comenta.
Com o roteiro de seu novo longa escrito, que prefere manter em sigilo, está na fase embrionária, de captar recursos. “Na verdade. não sei muito bem o que vai ser. Ainda estou na fase de roteiro. Não dá pra dizer o que vai acontecer, que cara o filme vai ter. Ainda está muito incipiente”. Neste 2016, ela ainda atuará como produtora do filme “Antes Tarde do que Nunca”, que seu marido, Gustavo Rosa de Moura, está à frente da direção, mas nada tem a ver com o musical: apenas uma coincidência de nomes.
Depois do debut como diretora de ficção, a cineasta e apresentadora se prepara para viver seu primeiro grande papel no drama ‘Canção da Volta’ (antigo ‘Voltando para Casa’, dirigido por seu marido – em que ela contracena com João Miguel. “Eu acho que porque eu não sou atriz de carreira, não tenho muita experiência, exigiu bastante de mim. Qualquer coisa que eu faça (ao atuar), dá muito trabalho, não sai automático. Tive muita preparação, ensaio e concentração”, argumenta.
Nesse longa, ela vive Julia, a mulher suicida de um apresentador de programa de literatura. O filme começa com ela voltando de uma dessas tentativas de se matar. “Eu sou mais pra cima, mais astral. Ela é mais introspectiva, sofre de depressão, bem diferente”. A trama fala sobre relacionamento e dessa família tentando se reestruturar, segundo Marina.
Ela também explica que o fato de ela e o diretor serem casados não interferiu na atuação. “Acho que ajudou porque a gente tem muita intimidade. É gostoso de trabalhar. Tenho muito respeito pelo trabalho dele e a gente conseguia manter o profissionalismo”, pontua. Em nenhum momento, segundo Marina, bateu de frente ou contestou alguma indicação dele em cena. “Sou muito obediente, ri, finalizando ao comentar que todas as cenas foram difíceis gravar. Para entender, ela aconselha ver o filme que estreia este ano no circuito nacional.
OCUPAÇÃO PERSON
Na ocupação de seu pai, montada com a mãe, Regina Jehá, e a irmã, a também apresentadora Domingas Person, Marina fala que foi mais fácil revisitar os arquivos do pai porque muita coisa já havia sido catalogada para o documentário que dirigiu sobre ele, em 2014. “Na coleção, os itens mais preciosos são os filmes super 8 da família”, explica, falando da origem deles, gravados pela mãe e pelo pai durante a infância.
“É difícil escolher o item mais precioso, mas há muitos roteiros, manuscritos, anotações. O que mais me chamou a atenção foi uma matéria na revista ‘O Cruzeiro’, que ele narra uma história engraçada”, resume. “A memória é muito importante e é fundamental conservar a nossa história cultural e de produção pra gente entender quem é hoje. O passado deixa marcas e a gente tem uma tendência a esquecer”, pontua, criticando que o Brasil não é bom nisso. “O cinema europeu ou o americano dá super valor à trajetória da cinematografia. Aqui, sofremos a duras penas”.
SERVIÇO
O Quê? Ocupação Person: 28ª mostra da série
Quando? Até 3 de abril
Onde? Itaú Cultural, em São Paulo
Endereço: Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP
Quanto? Gratuito!
Mais informações no site oficial!