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“Não quero virar um ser entediante”, diz SILVA, que faz show em São Paulo

Por André Aloi

Depois de dois bem-sucedidos álbuns de eletrônica, SILVA flerta com o pop minimalista no recém-lançado “Júpiter” (SLAP, 2015), dando mais importância para a voz – que não está tão processada. Tem uns ajustes aqui e ali, segundo ele. O compositor, produtor musical e multi-instrumentista capixaba apresenta o show interplanetário neste sábado e domingo (dias 30 e 31.01), no Sesc Consolação, na capital paulista.

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“Não quero virar um ser entediante. Tanto para quem ouve quanto para quem faz. Mudar é uma coisa interessante. Talvez meu quarto disco seja totalmente new wave de novo”, argumenta. Com este disco, Lucio Silva (nome de batismo do artista) aprendeu a aproveitar o tempo. “Colocava o fone, ligava o computador. E assim foram saindo as músicas. Foi uma coisa bem nova pra mim, pegar aquele clima da estrada. As canções são muito mais enxutas. Não tem tanta segmentação, vai mais direto ao ponto. Foi uma coisa estética”.

Para ele, não há coisa pior do que comprar o disco de alguém e saber exatamente o que esperar. “Acho um porre. Pra mim, disco tem essa ideia de trazer um conceito”. Ele diz que entende o fato de as ´pessoas que conhecem seu trabalho estranharem esse inexplorado planeta “Júpiter”. “Foi uma coisa que fiz, esperando que as pessoas não iam entender de cara. Quando comecei, tinha de 22 pra 23 anos. Já vivi muita coisa, rodei pra caramba. Na carreira, você precisa variar um pouco, senão você fica preso. Quando terminei o disco, sabia que era aquilo que queria fazer”.

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Por sua formação clássica, o artista considera ter facilidade para produzir “árvores de Natal”, referindo-se às músicas com muitas texturas sonoras. “Tudo o que estava ouvindo ultimamente me levava por esse caminho”, indica. “Era pop, pop mesmo. Comprei vinil da Beyoncé (o álbum visual, de 2013), achei o disco genial. É um álbum minimalista… falei: vou numa coisa com menos camadas. Dificuldade pra mim foi fazer menos. Tem que escolher o elemento certo para preencher a música. A tentação de colocar uma coisinha, orquestrinha a mais, é muito grande”, assinala, enumerando ainda Drake, Marisa Monte etc. Esta última, inclusive, o chamou para compor após ver seu concerto-homenagem.

Tímido, o cantor prefere se fechar em seu casulo musical e produzir faixas do que subir em um palco. Mas tem melhorado! “É uma montanha russa sempre. Frio na barriga e tal. O que é uma coisa legal porque não vira uma coisa monótona. Pra mim, é sempre uma experiência desafiadora. Estou mais confiante, já consigo falar. Antes, dizia boa noite e obrigado, mais nada. Agora, agradeço a plateia, apresento os músicos. Sou muito mais tranquilo ”, revela.

O CD fala sobre amor e amar… Mas o artista precisa estar envolto deste sentimento para compor? “Eu acho que precisa. Eu estava. Tem uma música chamada ‘Nas Horas’ (cuja letra narra: a gente faz tudo ser real / Você e eu, noite a clarear / Há quem duvide do verbo amar), que se não tivesse apaixonado, não existiria. Acho ela extremamente sexual. É uma música de sexo”, ele explica. “Pessoas falam pra mim que minha música é fofa e questiono o que ela considera. Eu sou uma pessoa gentil. Mas uma música sexy não precisa falar ‘vou pegar você, tirar sua roupa’. Mas a produção, a melodia. Isso é sexy pra caramba”.

Por ter uma criação religiosa protestante e vir de uma família tradicional do Espirito Santo, o artista comenta que nos primeiros discos não se sentia preparado para tocar em assuntos mais íntimos. “Não era para chocar. Mas não me via preparado. Era uma coisa meio assexuada, sabe? Não tinha coragem pra falar de sexo. E não tenho medo nenhum de falar (de sexualidade). Porque fui ficando mais experiente, você acaba conhecendo mais gente. Experiências interessantes, que mudam sua vida completamente. Não posso mais ficar naquela fórmula (musical) de 2010, new wave. Já passou”, defende-se.

Ainda morando em Vitória, consegue se preservar e ficar longe das páginas de fofoca. “Acho que é um pouco dessa coisa capixaba, come quieto. Somos parecidos com os mineiros. Eu gosto de me preservar. Não faço esforço para isso (sair em outras seções que não de música). Acho que todo mundo respeita muito a minha privacidade. Não fico escondendo com quem eu saio, namoro”, diz ele, que nunca assumiu um relacionamento em público. “Mas já saí com a pessoa que estava na época, numa boa, em lugar público. Eu não gosto de pegar artista, não. Gosto de gente normal, que tem uma vida normal”, pontua, frisando que não se limita a falar se ‘fica’ com mulheres ou caras. “Sou um cara muito aberto, sempre fui”.

SERVIÇO
Silva apresenta “Júpiter”
Quando: 30 e 31 de janeiro de 2016.
Sábado, às 21h, e domingo, às 18h
Teatro Anchieta – Sesc Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 9 (comerciários, sócios do Sesc)
Duração: 80 minutos

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