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Aposta RG: Sinara é o rock ‘roots’ dos filhos e neto de Gilberto Gil

Por André Aloi

Sinara significa o som da força da música. Neste caso, vinda dos instrumentos de cinco membros. Boa parte da formação da banda são os filhos e neto de Gilberto Gil, que carregam o sobrenome da família tradicional na música brasileira e agora têm um novo legado. João (guitarra) e José (bateria) – filhos do cantor com Flora-, tocam ao lado do sobrinho, Francisco (guitarra e voz), filho de Preta, e dos amigos Luthuli Ayodele (voz), Magno Brito (Baixo) e o agregado Pedro Malcher (teclado), que só aparece quando tem show. Todos têm entre 20 e 25 anos.

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O nome da grupo, que tem dois anos e meio de estrada e só agora lança seu primeiro material (apesar de as músicas terem mais de quatro anos), é uma mescla de sinistro + maneiro. “Não é uma ideologia ou filosofia, mas uma grande combinação. A cada momento, vai mudando”, explica o vocalista Luthuli. O EP de estreia, um som ‘roots’ com um pé no reggae rock, chama-se “Sol” (lançado pela Sony Music) – nome também dado à filha de Francisco com a modelo Laura Fernandes. “Muda tudo (com o nascimento de um bebê). Além do trabalho, sou casado e ela me apoia bastante. Tô aprendendo a lidar”, comenta.

“Antes do reggae, tem um som rock. O batera é bem brabo”, brinca Luthuli, cujo nome vem de uma homenagem ao líder político e Nobel da Paz, Albert Lutuli. “A gente acredita na mistura, uma transformação. O que a gente sente, põe na música. Esse é só o primeiro EP. Temos composição para uns 10 álbuns. Vamos trabalhar esse, depois decidir se vem mais um EP ou álbum”. Desse disco, se preparam para lançar “Marchando”, mas divulgado só tem o clipe de “Floresta”. Assista:

Luthuli e Francisco se conhecem antes mesmo da escola. O pai do vocalista, Maurício Fagundes, conhecido como Sosa, era presidente da casa de Cultura da Rocinha, no Rio, e Flora sempre esteve envolvida com movimentos sociais. “Depois calhou de eu cair na mesma sala do Fran, o que aflorou essa amizade. Quando a gente era pequeno, formou nossa primeira banda, a Minin Black. Significava pequenos negros, mas queria um toque descolado, daí o nome”, lembra Luchulli. “Naquela época, a gente só tocava uma música, que era ‘Exagerado’ (Barão Vermelho, da época com Cazuza). Era algo mais brincando, mas hoje nossa banda é o reflexo daquela época”.

A banda surgiu por causa das letras de Luthuli. “Quando mostrei pro Francisco algumas das linhas composições, ele falou: vamos juntar uma galera pra fazer com a gente. Passamos por um processo de seleção, chamamos alguns amigos, e acabou não dando certo. Se a gente quer elevar algo pro profissional, a amizade não dá certo. tem que separar”. Inconscientemente e acidentalmente, os familiares do Fran (como eles chamam o guitarrista e vocalista) também eram todos amigos. Nessa segunda formação, deu certo!

Já com a banda formada, chegou o momento de contar para seus pais que queriam viver de música e teriam de aprender a a lidar com esse fato. “Querendo ou não, criaram um monstro. Poderia ser negativo, mas pra gente foi positivo”, lembra Luthuli. “Eles estavam esperando a hora que eu ia falar isso. Então, a Sinara foi boa para esse momento. Espero que seja para sempre. (…) Mostramos pra eles quando estava pronto, com identidade formada. Eles adoraram. E estou muito feliz por a gente fazer um movimento, estar junto e subir no palco”, ressalta Francisco, que é filho do ator Otavio Muller.

Sobre a pressão de vir de uma família de músicos, Francisco diz que não sente a pressão. “Se existe, não atinge. Seguimos nossos passos em paralelo a toda essa questão. Na nossa visão é família. É uma galera que apoia, e isso é o mais importante. Se isso é um motivo para as pessoas nos ouvirem, que bom. Mas se isso gera coisas negativas e tal, a gente não ‘tá’ nem aí”, pontua.

Como todos na banda trabalham, estudam ou os dois, dizem que a música é prioridade. “Nossas escolhas são sempre naturais. Vai levando conforme a necessidade, precisa trabalhar. Quando não precisar, segue com a banda. É a nossa intenção”, garante Fran. Para 2016, o que a banda quer é subir nos palcos e cantar sua música. Com repertório formato de 12 a 15 músicas autorais, também fazem de três a quatro covers. Neste sábado (09.01), abrem o show “Misturado”, de Martn’ália, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Os ingressos estão à venda pela internet. Custam a partir de R$ 55 (meia).

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