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“Redes sociais para uma pessoa compulsiva como eu é um problema”, revela o titã Paulo Miklos

Por André Aloi

Paulo Miklos ora está na TV, ora nos cinemas… Mas sempre arranja um tempo para a música e seus fieis companheiros de banda, os Titãs. Ao lado de Branco Mello, Tony Bellotto e Sergio Britto, acaba de lançar “Nheengatu Ao Vivo” (CD e DVD da turnê de mesmo nome, que também foi álbum homônimo de 2014, todos lançados pela Som Livre). O músico e cantor se diz uma pessoa conectada: “mexo no meu Facebook, Instagram e no Twitter sou bastante ativo. Tem também o da banda. Mas eu gosto. Acho que ocupa um espaço da vida da gente, e pra uma pessoa compulsiva como eu é um risco, um problema”, analisa.

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Os aplicativos de música? Ele tem praticamente todos! Numera Spotify e Rdio (que abriu falência e está com os dias contados). “Eu baixo, compro. Já baixei muito. De um tempo pra cá, tenho comprado”. Segundo ele, é do tipo que ouve discos completos no YouTube, também. “O álbum é mais de fôlego, quando (a banda) oferece um trabalho, tem todo um conceito de amarra das canções. Essa coisa conceitual do álbum, a gente sempre pensou dessa forma. Então, continuo ouvindo música assim”.

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O grande desafio depois de 30 anos de carreira, ele explica, é vencer os pequenos detalhes, como organização e administração da carreira. “Os detalhes que a gente não tem talento. Hoje é muito diferente (de quando começamos). Acho que a relação com os fãs, e a relação com o disco, já é uma coisa difusa. Ainda mais o DVD, que ainda vai sublimar. O objeto que a gente vende: CD, DVD ou vinil é uma coisa pro fã – que ele quer levar pra casa”, comenta, explicando que uma edição especialíssima com 100 unidades em vinil do disco que precede o show estava esgotado.

Além do DVD, Miklos empresta sua voz para o single da banda paulista Mel Azul – chamado “Rádio Sideral”. “Estou cantando nessa participação especial. Mas tem várias bandas que gosto, como Trupe Chá de Boldo, Garotas Suecas, só pra falar de São Paulo. Tem também Vivendo do Ócio, de Salvador (BA), Focas Borboletas (Uberlândia). É o que gosto! Eu ouço como fã, pra curtir. Baixo, compro, ganho de presente. Fico curtindo e acompanho o trabalho dos caras como qualquer fã. Sigo eles, persigo”, ri.

Recentemente, Miklos viveu Adoniran Barbosa no curta “Dá Licença pra Contar”, e mais recentemente contracena com Matheus Nachtergaele, em “Quando Parei de Me Preocupar com Canalhas”, além de estrelar o filme “Califórnia”, de Marina Person (que vive o pai da personagem principal, e que aparece também numa gravação dos anos 80 em um show dos Titãs. “Me deu muita alegria fazer. O do Adoniran já está combinado para o ano que vem fazer o longa. É um mistério como a coisa se dá. Pra mim, continua sendo uma grande surpresa”, diz ele quando as pessoas comentam que ele está parecido com o homenageado.

“Você não tem domínio sobre isso. A mágica acontece e está lá”, explica sobre a caracterização. “Tudo isso é feito com muito cuidado. A preparação também. O diretor foi muito cuidadoso a língua e a linguagem de Adoniran. A gente improvisou muito e se sentiu à vontade com aquela maneira de falar, super característica, para poder brincar com o humor ácido que ele tinha. Na verdade, as histórias são terríveis dramas, mas ele sempre conta com aquele dedinho de humor, que faz a gente levar a mensagem sem perceber”, reflete. “Achei que fosse ter dificuldade em me aproximar do Adoniran, que está no imaginário de todos nós”.

NAS LOJAS
Esse DVD ele tem duas coisas muito bacanas, segundo Miklos: “além do som do novo disco, eu diria até que é audacioso, a gente coloca bastante material novo nesse DVD. E pretende que ele seja mais uma forma de divulgar esse trabalho que a gente fez de inéditas (“Nheengatu”), mas também para colocar em perspectiva nosso repertório de 33 anos de estrada”, avalia. “Estamos muito felizes. Acho que o DVD ele está muito fiel ao que é o show, com toda a vibração. Joana Mazzuchelli, nossa diretora, acertou em cheio porque ela colocou câmeras, inclusive, no público. ENtão você tem a impressão como se tivesse no meio da galera, no show, com toda a vibração, no olho do furacão”.

“A gente gravou canções que a acredita ter uma relação direta com aquilo que a gente faz ainda hoje em dia. Lá estão ‘Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas’, ‘Massacre’, inclusive ‘Sonífera Ilha’, que é nosso primeiro grande sucesso, com uma pegada muito característica. A convivência com as canções entre elas, acabam se modificando. Dessa forma, a gente fechou um repertório baseado no disco novo, pegando músicas antigas, e ao mesmo tempo revisitando nosso repertório”, prossegue.

Ele explica que “Nheengatu” era uma língua geral, falada no Brasil Colônia, logo que os portugueses desembarcaram no Brasil. “É a junção de vários dialetos que os jesuítas fizeram na época da colonização. Porque você andava pelo País e ninguém se entendia. As tribos não se entendiam, elas estavam em guerra. Tinham um ecossistema, por assim dizer, que não vivia em harmonia. Essa harmonia significava as batalhas de território, não de comunicação. Isso que é uma coisa tão atual hoje, que é a comunicação, tão rápida e instantânea, naquele momento ali, os jesuítas – como forma de colonizar o Brasil – propuseram essa língua nossa. E foi mais falado que o português de agora, sei lá: três séculos”, indaga.

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