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Buika brinca sobre CD: “experiência e maturidade, mas bumbum caído”

Por André Aloi

Buika é seu nome. A cantora de 43 anos é filha de refugiados políticos da Guiné Equatorial e foi criada em um bairro cigano na ilha de Maiorca, na Espanha. Vive em Miami há alguns anos e está pronta pra dizer que nada teme, pelo menos no nome do CD “Vivir Sin Miedo” (Warner Music). “Estou sempre com medo de alguma coisa. Não tem forma, é algo que corre dentro da gente. Não sei se é um medo que pode somar com outros. Ou se são vários que se transformam num só. Você pode ser educado por eles. Não me importo que existam, só preciso que eles não me impeçam de fazer as coisas”, pondera.

De seu estúdio nos Estados Unidos, a cantora contou a RG por telefone que foi um sonho gravar este álbum (sucessor de “La Noche Más Larga”, de 2013), com muitos altos e baixos, e algumas dificuldades. Ainda assim, maravilhoso. “Agora, meu bumbum está olhando um pouco mais pra baixo, tenho mais cabelo branco. Mas a experiência e maturidade compensam o que não tinha nos CDs anteriores”, brinca, intercalando sempre um “papa” (lê-se “papá” a gíria latina que significa algo como “querido”) aqui e ali entre as falas.

A influência de morar em Miami, ela brinca que é porque por lá não há inverno. “Por isso meu álbum é ensolarado, é o que sinto”. Ainda falando sobre o que esse processo de composição do álbum a transformou, ela diz que não especificamente os trabalhos, mas veio amadurecendo na vida com os projetos pels quais se dedicou. “Nos últimos anos, aprendi bastante a ser mais aberta em diferentes aspectos. Ser doce é o melhor dos sentimentos, mas também o mais difícil. Honestamente, sou uma pessoa muito fácil (de lidar). Não acredito muito em drama na vida. Sou praticamente um leão. Eu gosto da briga”, reflete.

Jason Mraz é um dos colaboradores do ábum. Divide os vocais em “Carry Your Own Weight”. Afirma que as pessoas têm que entender uma coisa: “todos os músicos do mundo são amigos”. Não é que Bob Marley era próximo. Mas eles vivem numa espécie de bolha colaborativa. “Somos unidos pela música. Na indústria da música, quando vocês se encontram, não interessa se não se conheciam. Podem colaborar entre si, trabalhar juntos e fazer festa quando se encontram”, acredita.

Das vezes que passou pelo Brasil (a última foi em 2014), se lembra do barulho. Mas não das pessoas ou gritaria. Mas do amor que sentiu ao passar por aqui. “Acho que São Paulo, Malagá (Espanha) e Miami (EUA) serão muito comentadas no futuro”.

Por falar em metrópoles, há uma música em seu álbum chamada “Cidade do Amor” (assim mesmo, em português, apesar de a letra se dividir em espanhol e inglês). “Posso cantar em português, hindu, espanhol, catalão, inglês, francês. Sou uma mistura de culturas. Minha mãe nasceu na África, eu na Espanha. Fui criada no mundo porque sou uma nômade, adquiri culturas de diferentes partes do mundo. Essa música, especialmente, não sei porque, me lembra o mood de quando estava na capital paulista”.

Bem-humorada que só, se pudesse escolher alguém para uma parceria inédita, ela diz que escolheria este repórter. “Você”, grita ela do outro lado da linha, emendando uma profunda gargalhada. “Eu não, não sou cantor”, retruco. “É, você. Por que não?”, responde. “Escolho você, que acredita que música pode mudar alguma coisa. Alguém que pode escrever algo interessante para as pessoas. Com certeza, eu vou colaborar com você”, insiste. “A música é a rainha. Nem eu nem os produtores. São as histórias que chegam e tocam as pessoas comuns. Não me importo se você é um jornalista. Se você colocar as cores certas, e estiver confortável com isso, você que estará no álbum”, pontua.

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