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RG entrevista: Vera Egito fala sobre seu novo longa, “Rua Maria Antônia – A Incrível Batalha dos Estudantes”

Por Carol De Barba

O primeiro longa de Vera Egito como diretora nem estreou (“Amores Urbanos” chega aos cinemas no começo de 2016!), mas a cineasta já tem um novo e querido projeto prestes a sair do papel: “Rua Maria Antônia – A Incrível Batalha dos Estudantes”. A Globo Filmes será coprodutora do filme, que também terá o diretor José Alvarenga Jr. como produtor associado, além de produção da Paranoid e distribuição da Europa Filmes.

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“Rua Maria Antônia…”, na verdade, era para ser o primeiro filme de Vera como diretora. O roteiro, assinado por ela, está pronto desde 2010. Para leva-lo às telonas, no entanto, havia um obstáculo financeiro. “Como é um filme de época, uma produção grande, também precisava de um orçamento grande”, explica. A parceria da Globo Filmes deu um belo boost na captação de recursos, viabilizando um projeto que, no fim das contas, veio no tempo certo. “Hoje me sinto muito mais forte como diretora para encarar uma produção de R$ 6 milhões”, afirma.

O roteiro é baseado no famoso conflito entre estudantes que ocorreu, durante a ditadura militar, na rua-ícone da região central de São Paulo. Em outubro 1968, os estudantes da Escola de Filosofia da USP (membros da UNE, de esquerda, que lutavam contra o regime) e do curso de Direito da Universidade Mackenzie (onde estava organizado o CCC, Comando de Caça aos Comunistas) entraram em conflito físico e armado na Maria Antônia, onde ficavam as instituições. A batalha terminou com o fechamento da Escola de Filosofia pelas forças militares ditatoriais.

O ponto de vista do jovem Leon, um estudante de filosofia de 18 anos, será o fio condutor da trama – fictícia, ainda que fiel a esses fatos reais. Muito já estava pronto. “Eu me formei na USP e ouvia várias vezes a história. Sempre me interessou dramaticamente porque tem duas forças opostas muito claras dividindo a mesma rua”, conta. “Mas tomei algumas liberdades com os personagens, para ficar mais interessante como filme”, justifica.

“Rua Maria Antônia…” também tem um pré-elenco, digamos assim, formado por atores que tem ligação emocional com o filme e, segundo Vera, a menos que suas agendas mudem, estão confirmados no projeto. A lista, escalada para viver o corpo docente da batalha, é de peso: Deborah Bloch, Caco Ciocler e Zé de Abreu. “O Zé estava lá de verdade, aparece nas fotos históricas”, revela.

Apesar dos quase 50 anos de diferença, a batalha cinematográfica de Vera também tem tudo a ver com o momento político brasileiro. “A gente vê a militância da ditadura muitas vezes como algo distante, e não é assim que eu vejo. Sempre encarei de uma forma muito atual”, diz, numa comparação às ocupações escolares e aos conflitos entre estudantes e policiais que tomaram conta de São Paulo nos últimos dias. “Aqueles estudantes estavam inconformados, queriam mudança. Eles não sabiam exatamente como agir, mas sabiam que precisavam fazer algo”, conclui.

De acordo com Vera, as filmagens de “Rua Maria Antônia…” devem começar no máximo em 2017.

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