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Sobre o show do Pearl Jam – e se sentir jovem novamente

Por Mariana Abreu Sodré, especial para RG

Não saberia descrever o show em outra palavra diferente do que a boa e efetiva “FODA”. Tudo lindo, perfeito , mágico. Com direito a uma chuva gloriosa, lindona que chegou fazendo tudo balançar com um vento do bom. Tudo. O palco inclusive. Eddie ficou bem preocupado… tão bonitinho ver ele ali, pensando na gente (em mim), na nossa segurança, na segurança dos parças de trabalho. Teve até um break no show. Para descer os amigos das plataformas de luz, deixar tudo em plena segurança, coisa e tal. Eddie <3. Foi aí que conversei um pouco com a turma que fazia ali a linda catarse coletiva da fila do gargarejo. Tinha um cara da Colômbia que falava da alegria da chegada do filho recém-nascido, o Santiago. Era o primeiro show do Pearl Jam dele, um presente do chefe. O meu também foi um presente especial, contei para ele. Tinha um casal que era do Ten Club , como eu, que tinha visto todos os shows do PJ de São Paulo. Concordamos que todos foram muito especiais, inesquecíveis, e que o de ontem tava empatando com os do Pacaembu... de dez anos atrás. Depois pensei que estávamos falando do primeiro e do último show na cidade, e me dei conta de que é esta a mesma a sensação sempre... a de que eles estão fazendo o primeiro e o último show, seja onde for. Porque a coisa que se dá ali é muito presente. Quando a mágica está acontecendo não existe antes ou depois, só o agora. No palco, na plateia, no pulo, no coro, na emoção. E, sim, sigo na emoção. Antes de eu chegar na grade, me coloquei ao lado de uma menina, nem sei de onde, que foi só com ela, que nem eu. E que quando o show voltou, mostrou muita valentia ao cutucar o cara, três pessoas a frente, que carregava a mina nos ombros tampando a nossa visão. A mina desceu. Abriu-se um clarão e lá fui eu, para a grade. E gritei Edddddddiiiiiiie toda vez que ele se aproximava. E Stooooooooone na única vez que ele veio mais pertinho e Miiiiiiiiiike para o McCready que corre em círculos no palco. Nenhum me ouviu. Hahahahahahahahahahaha. E eu explodi de felicidade mesmo assim. Se eu estou assim, imagina o mano cabeludo que levou disco e ganhou autógrafo -- dado no palco -- do Boom Gaspar! Dei um beijo nele, no cabeludo da plateia, de felicidade, por ele. E quando o show acabou tirei foto da menina que ganhou o pandeiro das mãos do Eddie. Ele deu alguns, genoroso. E deu um tipo de ‘peixinho’ na água que se acumulava no palco. MUSO. Fiquei até quase ser expulsa do estádio. Dancei com outros desconhecidos a mais no murinho que dava para uma ala VIP. Tinha uma banda cover ali, bem boa, por sinal. Depois comi um dog com uma turma de uma república de São Carlos que queria ir a pé até o Baixo Augusta. Lá em São Carlos o povo ainda dá carona na rua, eles contaram. Ah, os jovens. Peguei amizade com o Victor, que mora na Penha, e perdeu o amigo no meio do show porque o amigo – veja só - decidiu ir ao banheiro bem na hora de State of Love and Trust. Tô com o Victor: isso não se faz! Fato é que o amigo do Victor estava com a carteira do Victor e sem bateria no celular. O Victor pediu um taxi para mim no aplicativo porque eu também não tinha mais bateria. Demorou um tanto. Fizemos amizades diversas, falamos do show da vida, lamentamos a falta de ônibus 24 horas na cidade. Lembrei de um show de Buenos Aires que fui com a Rafa, há exatos quatro anos. Voltamos de carona com um taxista que batizamos de Jesus e com três caras da Patagônia, que viviam em plataformas de petróleo. Logo eles viraram nossos três apóstolos. Era aniversário da Rafa e antes de ir para casa, paramos para uma cerveja num botecão e cantamos muitas vezes parabéns para ela. E ontem, no taxi, percebi que estava sem as chaves de casa. Que eram quase 3 da manhã. E me senti muito jovem sem ter para onde ir. Lembrei que a minha avó sempre deixa a chave da casa dela na portaria. Dormi lá. Me sentindo muito jovem . Muito mais jovem do que sempre. Foi um sono feliz depois de um sonho acordada. E, acordei pensando no Eddie. No Stone, No Cameron (ele tá em forma, viu?!) Até que no caminho para casa, sob o sol do meio dia, decidi desviar a caminhada e passei pela porta do Fasano a pé, com a camiseta do Ten Club na bolsa. Honrei a camiseta. E acho até que vi um unicórnio. Sinto-me agraciada com o prêmio jovem do ano, de 2015.

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