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Com Adam Lambert, Queen mostra em show de São Paulo toda sua majestade

Por André Aloi

Com uma majestosa e encorpada apresentação, o Queen fez show no Ginásio do Ibirapuera, nesta quarta-feira (16.09), em São Paulo. Em 2h20, o único da capital paulista, com ingressos esgotados, foi embalado pela cativante voz de Adam Lambert em um desfile de hits com direito até ao novo single solo do cantor, que ganhou um novo arranjo, mais rock.

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No palco, Lambert se impõe: desfila roupas suntuosas, dignas dos mais altos títulos de nobreza, aparece até com uma coroa, envolto numa bandeira do Brasil. Apesar de performático, e trejeitos que se assemelham aos de Freddie Merciry, deixa claro que sua presença ao lado do guitarrista Brian May e do baterista Roger Taylor é apenas uma ode. O antigo frontman levou o grupo ao estrelato nos idos da década de 70 e morreu em 1991, vítima das complicações da Aids.

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Em um apanhado de faixas, imagens de arquivo davam vida ao inesquecível vocalista. Eram nesses momentos, inclusive, que o público se arrepiava, emocionava, levantava das arquibancada e entoava em alto e bom som as conhecidas faixas do repertório. “Bohemian Rhapsody”, inclusive, ganhou um dueto de gerações: Lambert intercalava a voz com Mercury, no telão. Em “Fat Bottomed Girls”, ele também dividiu os vocais com o veterano guitarrista.

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A apresentação começou pontualmente às 22h sem surpresas. O setlist da turnê “Once In a Lifetime” seguia à risca as músicas das últimas apresentações do grupo, na Europa. Mas os fãs de Adam foram surpreendidos. Quando num ápice de simbiose entre o convidado especial e a banda, o mais recente single de Lambert “Ghost Town” trocou as batidas eletrônicas por arranjo mais rock.

Em um dos poucos momentos que Lambert conversou com o público foi antes de “Somebody to Love”, quando esbanjou agudos. “Quem está apaixonado esta noite? Não tem ninguém pra me amar, o que me me irrta. Será que vocês podem arranjar alguém pra me amar?”.

Outro momento de conversa foi com May, tentando arriscar um português totalmente enrolado. “Pessoas bonitas de São Paulo, boa noite. Tudo bem? É ótimo estar aqui com vocês esta noite. Ótimo estar te volta. Vocês querem cantar comigo? Vamos sofrer”, riu May, ao pegar o violão e sentar num banquinho na passarela estendida. “Este é o som de vocês”, emendou, cantando “Love Of My Life”. Cantada em couro pela plateia, ganhou reforço no segundo refrão com Freddie Mercury no telão.

Como era uma ocasião especial, tanto para a banda quanto para o público, May resolveu eternizar este momento e pegou um pau de selfie para registrar em foto e vídeo. “É o maior pau de selfie do mundo. E ele transmite para os telões”, informou. Tiveram ainda batalhas de baixo e guitarra.

Para o Bis, Lambert voltou enrolado na bandeira do Brasil, enquanto Brian May usou uma camiseta amarela do País. A apresentação encerrou, com “We Will Rock You” e “We Are The Champions”, com chuva de papel picado, por vota de 00h20.

O que o Ginásio do Ibirapuera presenciou foi memorável. Só serviu para provar que quem é rei (ou rainha, no caso), jamais perde a majestade. O grupo britânico envelheceu, sofreu com sua perda, mas soube se reinventar para manter sua chama de esperança acesa, servindo de inspiração e trilha sonora. Nesta sexta (18.09), o supergrupo britânico e o ex-American Idol se apresentam na abertura do Rock in Rio.

DO PALCO À PLATEIA
No palco, havia um telão gigante em formato de “Q”, cuja perninha da letra se desmembrava numa passarela, que culminava na parte estendida, à frente do cenário central. Ainda que pouco usadas, nas duas laterais haviam escadas para que o grupo pudesse subir e se aproximar das arquibancadas. A plateia era um misto de casais mais antigos, que devem ter acompanhado a ascensão de Mercury, mesclado a fãs mais jovens, bem como pais que levaram seus filhos para presenciar ao vivo um extenso repertório de clássicos. E uma outra parcela, ainda que tímida, de fãs de Lambert. Houve ainda um número razoável de fãs que ficou do lado de fora do venue, tentando assistir à apresentação. Sem ingressos, aproveitavam a visão parcial pelas frestas.

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