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Sangue, esperma e lágrimas: o intenso “Love”, novo filme de Gaspar Noé

Por Carol De Barba

O polêmico diretor Gaspar Noé (de “Irreversível”, famoso pela cena de nove minutos de estupro com Monica Belucci) está de volta com “Love”, drama que retrata uma história de amor do ponto de vista sexual. O longa estreia no Brasil nesta quinta (10), distribuído pela Imovision, com bem menos alarde do que sua primeira exibição, no Festival de Cannes, em abril de 2015. Além da sessão mais disputada do evento, foi a mais comentada pela imprensa. Tanto pelas cenas de sexo explícito em 3D quando pela qualidade da obra.

Embora não seja autobiográfica, Noé se baseou na sua própria juventude, uma mistura das suas experiências e de seus amigos, para compor a história. O protagonista Murphy (uma referência à lei), que estuda para ser um cineasta, em certo momento, desabafa: “Quero fazer um filme verdadeiro, sobre sexualidade sentimental. Um filme com sangue, esperma e lágrimas”, um tanto high, no meio de uma festa.

A narrativa é, na verdade, um grande flashback na vida de Murphy (Karl Glusman). Frustrado com a rotina ao lado da mulher (Klara KrisTin) e do filho pequeno, ele mergulha nas lembranças do antigo relacionamento com Electra (Aomi Muyock) após receber um telefonema da mãe dela, dizendo que a garota desapareceu há meses.

As mais de duas horas seguintes são lembranças de uma vida a dois extremamente intensa, repleta de momentos tórridos tanto sexuais quanto sentimentais. De excessos, de angústia, de felicidade, de raiva. De entrega visceral ao amor. De uma identificação nostálgica, dolorosa em alguns momentos, para boa parte dos espectadores – quem nunca viveu uma história de amor assim?

RG conversou com Gaspar Noé, por telefone. O diretor explicou que, bem, a história de Love é muito normal. “Na verdade, me surpreende que nunca tenham feito um filme desse tipo. Porque relacionamentos como o de Love são muito comuns. É um filme sentimental que mostra o quão íntimo o jovem casal é”, diz. E sexo é uma parcela muito grande e importante dessa intimidade, vamos combinar.

Quanto aos excessos, vários tipos de drogas entram nessa conta – álcool, cocaína, extasy, até ópio. De acordo com Noé, elas também são elementos a se considerar na história que ele conta. “Elas estão ali, nas festas, disponíveis, algumas até na moda”, justifica. Faz sentido: elas também são associadas à emoções que combinam com o que Murphy e Electra sentem – ou gostariam de sentir.

E por incrível que pareça, filmar cenas tão intensas não foi um problema no set de Love. Noé explica que a equipe era pequena e os atores extremamente profissionais. As primeiras cenas filmadas foram justamente as mais tensas, o que acabou contribuindo para que todos se sentissem muito próximos – e a nudez, assim como as ações, fossem encaradas com a maior naturalidade possível. “A equipe toda foi fundamental. Os atores receberam aquele script carregado de sexualidade, sem sabe qual seria o resultado. Mas o mais importante é, diante da tela, o foco é a história de amor. Acho que você também consegue perceber a confiança que havia no set”, afirma.

Confira neste link as salas onde o filme está em cartaz, respire fundo e prepara-se para encarar quase duas horas e 15 de “Love”.

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