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Por dentro de Dismaland – Joana Vieira te leva ao parque temático de Banksy

Por Joana Vieira e Flávia Zam

Dismaland é uma verdadeira aventura, desde a dificílima compra dos ingressos até a chegada ao festival de arte, na cidade de Weston-super-Mare. Após 3 horas de viagem de Londres  e uma  fila de uma hora e meia para entrar, chegamos a uma das exposições mais incríveis que vimos na vida. O parque consiste em uma grande mostra, cheia de sarcasmo, ironia e irreverência. O recepcionista que usa uma orelha do Mickey destruída logo na entrada e te proíbe de sorrir e as atitudes blasé de todos os funcionários do evento fazem com que você entre em uma atmosfera melancólica, acentuada pela música repetitiva e irritante. Nada disso compromete a vibrante excitação do novo e atual mundo que se descortina aos seus olhos.

O teor das obras leva à reflexão sobre a rotina e a realidade das coisas desagradáveis que vivenciamos: há uma Cinderela morta em sua carruagem com vários paparazzi em volta, em uma referência à morte da princesa Diana, uma barraca de pescaria aonde os patos boiam no óleo, uma bate-bate naval com barcos lotados de refugiados, uma tenda gótica com obras surrealistas, além de centenas de cartazes com mensagens que descrevem ansiedades e tensões que estão espalhadas pelo parque.  Uma pena que essa expo ficará aberta somente por cinco semanas, em um lugar de tão difícil acesso, pois todos deveriam ter a oportunidade de vivenciar essa experiência. Sem dúvida, Banksy é genial!

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Grafiteiro , pintor , diretor e ativista político, Banksy é o pseudônimo do artista britânico cuja identidade continua desconhecida. Sua arte satírica e subversiva combina humor negro e grafite. Seu trabalho, repleto de comentários políticos e sociais, é encontrado por ruas, muros e pontes mundo afora .

O interesse em Banksy aumentou em 2010, com o documentário “Exit Through The Gift Shop”, premiado no festival Sundance e indicado ao Oscar. Nesse mesmo ano, foi eleito pela Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo .

Sua mais nova obra , Dismaland é a sua maior exibição. O festival de arte, como o próprio define, foi projetado em segredo e é uma sátira subversiva da Disney. O parque, de 10 mil metros quadrados, foi inaugurado no dia 21 de agosto e funcionará somente até 27 de setembro. Os ingressos custam somente 3 libras e esgotam em questão de horas.

Além de Banksy, mais de 50 artistas de 17 países, dentre eles Damien Hirst, participam desse projeto e compartilham do mesmo irreverente senso político e cultural.

A versão pesadelo da Disney, anarquista e sombria, é a atração mais decepcionante do Reino Unido, como diz o slogan. É uma amostra do lado negro do capitalismo simbolizado pelo desmantelamento da Disneyland. Um parque temático com equipe rude e desanimada, balões pretos e macabros, poças d’Água, princesas mortas e uma porção de lembretes com críticas ao sistema. Por lá, são proibidos facas, tintas spray, drogas ilegais e advogados da Walt Disney.

Perguntado sobre o significado do parque, o artista declarou : “eu acho que pode-se dizer que é um parque temático cujo tema é ‘grandes parques temáticos devem ter temas maiores'”.O conto de fadas acabou!

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