Por André Aloi
Com “I Love Paraisópolis” (TV Globo) caminhando para o fim, Lucy Ramos só tem motivos a comemorar. Diferente de outros os personagens estereotipados no currículo – que vão de empregada doméstica (“Da Cor do Pecado” e “Começar de Novo”) a escrava (“Sinhá Moça”) -, a atriz diz que interpretar a bem-sucedida psicóloga Patrícia Machado Barreto era um desejo que virou realidade .
“Todos os personagens que fiz, fui muito feliz. Onde estou hoje foi graças a eles”, afirma, reforçando que não desmerece, mas a Patrícia é um presente. “Todos os papéis são importantes. Cresci, amadureci, faria tudo de novo com o maior prazer. De cada um, você tira uma lição”, reflete. A novela das sete termina em novembro.
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Lucy acaba de se mudar temporariamente para a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para ficar mais perto do Projac. Estava radicada na capital paulista desde os 5 anos, vinda de Pernambuco. A decisão de pôr um fim à ponte-aérea foi acertada com o marido e parceiro de oito anos, o também ator e diretor Thiago Luciano – agora é ele que se divide entre as cidades. “É melhor fixar em um lugar. Eu adoooro o Rio. Prefiro mil vezes o calor ao frio. Aqui, não preciso andar de salto para cima e para baixo. Posso usar rasteirinha”, comemora.
Entre as particularidades que a nova cidade lhe proporciona, está um “gostoso” açaí em um lugar xis na praia. “Gosto de fazer caminhadas, correr. À noite, é uma delícia ficar ali na frente do mar, só olhando, e ouvindo o barulho. Essa onda de lugar tropical é uma delícia”, enumera. Seu dia perfeito, começaria com um bom café da manhã ir à academia, ou então praia dar uma caminhada na areia, um mergulho, pegar um pouquinho de sol. “Almoçar num lugar gostoso, na companhia de quem você ama”, derrete-se.
Mas nada de rotina. Até porque ela odeia. “Não programo nada. Não consigo organizar uma viagem daqui dois meses. É tudo assim: ‘Vamos fazer algo agora? – Vamos!’. Eu vivo muito o presente”, explica a libriana. “Já fui muito de pensar no amanhã. Mas aprendi que é importante viver o hoje. O amanhã a Deus pertence”.
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A lição que tirou da personagem vai além da forma como encara o preconceito, apesar de não saber qual seria sua reação caso vivenciasse alguma cena como a de Patrícia, que fez questão de mandar prender Soraya (Letícia Spiller) na trama. “O preconceito tá aí, o racismo existe sim. Não adianta a gente negar, mas não é só com o negro. O que tem que vir na frente é sua essência, caráter, quem você é. As pessoas têm que olhar as outras pelo olhar, e não porque ela é gorda, magra, tem dinheiro, é preta, ruiva ou japonesa”.
Na trama, ela vive uma dicotomia, enfrentando preconceito com o próprio namorado Lindomar (Gil Coelho). Apesar de gostar dele, eles não compartilham os mesmos gostos, não estão na mesma posição e classe sociais, ele fala errado. “Esse relacionamento é um conflito porque ela não imaginava isso pra ela. Ela gosta dele, e aprendeu a gostar do jeito que ele é”. Com Patrícia, Lucy também ficou mais estudiosa: “Não que eu não estudasse, mas estou nessa fissura mais do que antes”.
Depois do folhetim, ela pretende voltar para São Paulo. Agora em setembro, ela está tentando ir à Patagônia gravar algumas cenas para finalizar o filme “Fica Mais Escuro Antes do Amanhecer”, protagonizado por ela e pelo marido, que também assina a direção e o roteiro.
Com uma relação tão duradoura com Thiago Luciano, a atriz diz que pensa em ser mãe: “sim, no futuro”. Mas, como ela mesma fala, não gosta nada de planejar. “Por enquanto, estamos focados na carreira. Na hora certa, ele vai vir”, pontua.
PRECONCEITO NA TV
Sobre a representatividade dos negros na TV, Lucy comenta que faltam papeis principais. “As pessoas têm que enxergar a gente como protagonistas. Com uma oportunidade bacana, a gente pode fazer. Você vê na vida, tem tantos negros em posições importantes, bacanas e tudo o mais”, pede. “Fico feliz porque a Patrícia poderia ser qualquer outra pessoa. Poderia ser ruiva, japonesa. Essa é a minha felicidade”.
CRÉDITOS DO ENSAIO
As fotos do ensaio exclusivo para RG foram feitas por Carlo Locatelli, com styling de Rafa Nunes e beleza de Pedro Vilar. A foto do sofá é de Fernando Louza. O cabelo e a maquiagem são de Wilson Eliodório, e Marcelo Duarte foi o assistente, com edição de moda de Cristian Heverson. O vestido bandagem pink são da Gierre. Telefone: (11) 3842-3227. As sandálias são Sensuale para Passarela. Infos: (11) 4531-7952. Os brincos e anel, de Silvia Doring. E o vestido longo de chiffon plissado, da Moikana.