Por André Aloi
A música de Tiago Iorc é onipresente na TV Globo: já foi trilha de diferentes novelas, desde “Malhação” até a mais recente das seis, “Sete Vidas”, em que fez uma versão repaginada de “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong. Mas outro programa da vênus platinada tem a ver com a inspiração do novo disco: a geração que se expõe demais e faz um overshare da vida, o Big Brother Brasil (no ar desde 2002).
Com esse gancho – só trocou a TV pelas redes sociais – , o cantor brasiliense (que hoje mora no Rio de Janeiro) propõe uma análise pessoal da geração em “Troco Likes” (SLAP), seu quarto CD de inéditas – com todas as faixas em português, exceto pelo bônus track. Apesar de ser “médio conectado”, ele está na internet por causa de trabalho e em contato com quem interessa.
“Comecei a sentir que essa de estar o tempo inteiro disponível me desgasta. Gosto da proximidade que essa realidade internética nos proporciona, mas não gosto de ir demais”, explica, comentando que há uma carência do ser humano em significar algo para o próximo, fazer parte de um convívio em que o que se faz é interessante.
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O nome do álbum começou de uma brincadeira com seu empresário, Felipe Simas, e essa carência manifestada nas redes sociais foi dando forma ao disco.
Na capa, o artista dá um sorriso forçado, na arte criada por Nestor Canavarro. “No avatar, as pessoas querem mostrar, não necessariamente o que estão sentindo. Tenho amigos ou pessoas que conheci há pouco – na superficialidade – que, pelas redes sociais, imaginava uma coisa. A pessoa estava o tempo inteiro viajando, com pessoas interessantes. Quando conheci de fato, não era nada daquilo: era tímida e pouco interessada. Existe essa dicotomia com a vida real”.
Para Tiago, a curtida é quase que uma conquista, um voto de apoio em torno de alguma coisa. “Eu apoio essa foto, ideia, pessoa ou a motivação por trás daquilo. Mas se tornou muito gratuito, funciona como um comércio de significado para as pessoas”, reclama.
Sua relação com o violão neste álbum fica mais evidente. Todas as canções nasceram de sua relação com o instrumento. “No processo, houve cuidado de nada abafar isso, que ele fosse o centro e as coisas viessem para dar suporte”, avalia. E ele quis brindar o público brasileiro cantando em seu idioma nativo. “Antes, achava que tinha preferência por compor em inglês, mas percebo que era mais prática”.
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O romantismo sobre as coisas, por vezes pessoas, são um reflexo do que ele viveu no período anterior à composição e gravação do disco. Mas não gosta de se encaixar em um rótulo: garoto apaixonado ou “bad boy”. “Depende da leitura das pessoas. Posso manifestar coisas que são do meu interesse ou não”, despista.
Mas a materialização do amor está em outras faixas, como “Coisa Linda”, em que é nítida a participação da atriz Isabelle Drummond como protagonista da vida amorosa do rapaz de 29 anos. “Tem coisas que me inspiro a partir da minha relação com ela, mas nuances de romance podem ser simplesmente observações sobre esse assunto”, opina.
“A gente divide muito, tanto ela no trabalho dela, quando eu no meu. Somos muito parceiros, de gostar e acompanhar o que o outro está fazendo. Tem coisas que trabalho um pouco mais e apresento, mais formadinho”, explica.
Por falar em dividir tudo, eles só não dividem o mesmo teto. “A gente se gosta muito, mas também gosta muito do tempo da vida de cada um. Daqui a pouco, quando sentir que é o momento de dar um up. Por enquanto, estamos curtindo o namoro”, pontua.
LANÇAMENTO
Tiago Iorc autografa seu recém lançado disco “Troco Likes” na segunda-feira (31.08) da próxima semana, na livraria Cultura, do Conjunto Nacional. Até dezembro, vai somar mais de 50 shows em todo o País. O encerramento da turnê deve ocorrer na capital paulista, mas as datas ainda não foram divulgadas.