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“Mulher tem que ser vista como ser humano, não bibelô”, afirma Ana Cañas

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Por André Aloi

Ana Cañas leva sua MPB feminista com atitude rock ‘n’ roll para o teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo. A nova turnê do novo álbum “Tô na Vida” (lançado em 31.07 via slap) desembarca na capital paulista com a participação de Arnaldo Antunes. Acontece depois de uma apresentação prévia e de teste em Curitiba (PR). Às 18h deste domingo (16.08) é pra valer!

Leia mais: Ana Cañas lança primeiro clipe de novo álbum: “Tô na Vida”

Em entrevista a RG, por telefone, a cantora paulista falou que não acredita num estereótipo para o chamado sexo frágil, mas numa figura forte que seja todas em uma: “Da puta e da santa, da sagrada e da profana. A sociedade tenta colocar a mulher num pedestal e não acredito nisso, não”, diz ela, citando Simone de Beauvoir. “A mulher tem que ser vista como ser humano, como o homem é. Às vezes, é vista como um bibelô, como uma boneca”.

A citação sobre o tema recorrente do CD, como em “Feita de Fim”, tem a ver também com uma das faixas mais poderosas do novo disco, chamada, claro, “Mulher”. E é impossível não fazer uma comparação com a mais roqueira de todas as brasileira, a “ovelha negra” do rock nacional, a “venenosa” Rita Lee. É refrão verborrágico, melodia suave…

Supercontente com essa analogia, Ana reforça que ouviu muito “Fruto Proibido” (lançado em 1975 e que completa 40 anos neste 2015), que é um disco maravilhoso em suas palavras. “A faixa (‘Mulher’) era um poema que eu tinha escrito, e queria musicar. Tentei até uma parceria com o Hyldon (autor de “Na Rua, na Chuva, na Fazenda”), mas acabou não saindo. E fiz sozinha. Tem a ver com a Rita porque ela sempre tocou nesse assunto de maneira atemporal”, resume.

Apesar de ter uma sonoridade mais pesada, a cantora diz que se distanciou da atitude rock ‘n’ roll para conceber as 14 faixas de “Tô na Vida”. Mas ouviu Neil Young, Violent Femmes, Pixies, Black Keys, Jack White, Secos e Molhados etc. “O disco foi totalmente inspirado pelos anos 70. Dos amplificadores das guitarras aos tons e teclados. Tudo remete a essa época. Não foi uma coisa ultra-procurada, mas tem essa vibe”.

Ela recomenda o disco para quem, de fato, está na vida ou ‘tá na vida’ (expressão que dá nome ao disco e também a uma das faixas): “é justamente a sensação que eu tenho de finalmente me encontrar musicalmente, achar um ponto de coesão entre o que eu sou no palco e estúdio. É priorizar sua essência… Qual é o seu lance, qual é o seu tema, o que você é?”, indaga. “O disco explica muito mais do que eu posso dizer”, responde sobre quem é a atual Ana Cañas.

Fã da boemia e da madrugada, garante que está numa fase mais light. “Estou acordando mais cedo, correndo, parei de beber, agora sou da rotina do dia. Também estou me alimentando direitinho”, pontua. “A minha fase de rock destrutivo já passou. Precisei me organizar para este disco, que me exigiu muito trabalho, muito foco. Não conseguiria ter feito se não estivesse nesse momento de sobriedade”.

NOVO SHOW
“As poucas músicas dos outros repertórios que ficaram sofreram releituras drásticas, como ‘Diabo’, que parece agora mais uma canção do Black Keys do que uma antiga minha”, adianta, falando que vai vão ter covers de Led Zeppelin, Rita Lee e de Jimi Hendrix. Das novas, os arranjos são parecidos com os de estúdio, mas as guitarras (instrumento que aprendeu a tocar para o disco) ganharam mais destaque e ficaram mais pesadas.

Para subir ao palco, Ana vai pedir bênção aos seus deuses-referência, como Ana Cristina César (poetisa), a Gal Costa dos anos 70, PJ Harvey e Fiona Apple, além de Robert Plant, Bob Marley, Ney Matogrosso… Não que precise. Ela escalou músicos com quem trabalhou na produção do disco, o power trio: Lucio Maia (guitarra), Fábio Sá (baixo) e Marco da Costa (bateria).

Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação
Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação

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