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Após capa com nudez feminina, Jonas Sá promete homem ou transgênero em CD de remixes

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Por André Aloi

Após chocar a “tradicional família brasileira” com um nude de uma pelvis feminina na capa de “Blam! Blam!” (2015, Coqueiro Verde), o cantor carioca Jonas Sá pretende estampar um homem nu ou uma mulher transgênero no CD de remixes, que deve sair ainda este ano, primeiramente em formato digital. “A ideia inicial era colocar o adesivo de bananas e, quando você abrisse, teria um p*u e não uma b*ceta. Talvez um homem feminino. Agora, vão ter que me aguentar”.

Sá explica que a próxima capa deve vir com um homem negro: “ele vai mostrar o peru”, brinca. “Penso em chamar um transgênero. O gênero e a sexualidade não são a mesma coisa”, complementa.

Manami Matsumae (grande conhecida do mundo dos games, japonesa contratada da Capcom. É dela a trilha de “Mad Men”), Kassin com Diogo Strausz, Rabotnik, Felipe S (Mombojó), Vivian Caccuri, Wladimir Gasper assinam alguns dos remixes do disco, que deverá ser prensado também em vinil.

A questão do CD de estreia vai além para o cantor, que em nenhum momento quis constranger alguém. “Porque o outro vai olhar com maldade, a mulher não pode ficar nua?”, indaga. “Esse papo beira as pessoas que falam que foi estuprada porque pôs minissaia. Estou expondo ela de uma maneira machista ou me aproveitando dela para me promover ou estou sendo desrespeitoso porque capa de disco não tem censura? Eu acho que não. Essa mulher da capa é linda e não segue nenhum desses parâmetros (de beleza). E está longe de ter uma pele feia. Por que não pode botar?”, dispara.

O cantor também prepara nova turnê, e a estreia está prevista para os dias 8 e 9 de setembro, na arena do Sesc Copacabana. No dia 12 de setembro, faz show na favela da Maré, dentro o festival Travessias. Vai ser um show com “bandão”, brinca ele, que levará dez músicos à nova turnê, incluindo guitarrista, baixista, quarteto de sopros, dois percussionistas (que se revezam na bateria) e uma pessoa dedicada exclusivamente aos sintetizadores.

“O desafio foi transpor a identidade do CD para o palco. Não me importaria em fazer a turnê com nova instrumentação, acho até bom ter diferenças. Mas existe uma estrutura de colagens (no disco) e de recortes digitais. Optei pela banda grande para que pudesse ter os arranjos de cordas e sopros, sintetizadores, que são muito específicos”, resume. O cenário do show foi criado por Domingos Guimarães e Caroline Valansi, e é pintado com tinta sensível à luz, na negra somem algumas coisas e, iluminado, aparecem outras.

Ainda neste semestre, pretende lançar o clipe para o single “Gigolô” e um projeto em que chama um diretor diferente para criar sua versão (uma espécie de webclipe) de uma música ao vivo. Quando lançar seu site, vai oferecer uma música por semana com os remixes do CD e vai ainda disponibilizar uma faixa do disco com os canais abertos para que seus fãs e outros produtores possam fazer seus próprios remixes.

O DISCO
“Eu já sabia que seria um disco de colagens desde o início. É cheio dessas onomatopeias, porque é cheio de percussão, muita bateria e sonoridades repetitiva, e as músicas falam de sexo, de tiro. Antes de começar a gravar, queria explorar a linguagem de rap e canção, que sempre me encantou, além da música eletrônica. Comecei a ter ideias, e guardá-las no celular”, expõe.

“O jeito que fui fazendo as canções também foi fragmentada. Juntava duas ideias de música em uma, outras enquanto estava gravando, pensando no que cantar. Foi real-time a coisa: eu fazendo poesia enquanto cantava. Ia nascendo enquanto estava sendo gravada”, diz, lembrando que “Cinco minutos” de Jorge Ben Jor foi feita assim.

O álbum é um reflexo do que ouvia quando mais novo. Ele gostava dos timbres de videogame em 8 bit, mas também ouvia Stevie Wonder, Tropicalistas, os discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Nasceu muito mais da vontade de fazer de colagens a partir de samples de músicas produzidas nos anos 60 e 70. É um acervo riquíssimo”, comenta, explicando sobre o material que pode dar pistas sobre o próximo CD.

JORNADA COMITRÁGICA
O CD lançado neste 2015 estava previsto para o ano passado. Uma fábrica se negou a pensar o disco por medo de enviar o material a algum artista gospel, responsável pelo seu maior faturamento, e desistiu. “Nunca pensei em trocar a capa”, reforça, falando que, quando enviaram para a segunda fábrica, mandaram com a opção de um adesivo, tampando as “partes” da modelo. Mas a capa acabou nas lojas sem o adesivo. Só no iTunes, uma bananinha cobre parte do quadril desnudo.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

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