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VENTO Festival acerta ao combinar música à beira-mar e garante próxima edição em Ilhabela

Por André Aloi, de Ilhabela*

O Vento Festival acertou na fórmula ao combinar o frescor da música brasileira à beira-mar, em Ilhabela (litoral norte de São Paulo). A produção já garante uma edição para 2016, avisando ter um flerte com marcas e inscrito o projeto em leis de incentivo. Em quatro dias (entre 16 e 19.07), a primeira edição reuniu expoentes da nova cena num caleidoscópio que foi do jazz ao groove, do rock ao pop, começando no início da noite e invadindo um pedacinho da madrugada, exceto no último dia, que ganhou um belo por do sol ao começar mais cedo.

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Apesar da organização impecável, a única coisa que parece não ter sido conversada foi a interferência dos bares do centro, que quando os headliners do festivla ainda estavam no palco, dispararam os primeiros acordes do cancioneiro banquinho e violão. “Eles começaram a tocar no horário que estão acostumados, por volta de 1h, quando aqui já estava acabando”, explica a produtora Anna Penteado, do Indahouse, que ao lado de Tatiana Sobral, da Casco Ilhabela, e Bianca Lombardi e Shirlei Vieira, da Recheio Digital, formatou a ideia do evento, que deve, num futuro próximo, ter duas edições anuais.

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“Mais para frente, queremos criar uma espécie de South by Southwest, com apresentações menores, explorando a cidade”, enumera, falando sobre pocket shows em casas de veraneio e florestas. “Não é que a cidade está fazendo isso agora. Sempre teve vieram atrações incríveis, como Naná Vasconcellos, Praying for Change, Nana Caymmi, jazzistas sensacionais… Mas é uma coisa muito conservadora”, diz ela, que apesar de pouco tempo morando na ilha, já criou raízes caiçaras. “A gente acabou fazendo as coisas com muito amor, como se fosse pra gente. Esse projeto sempre foi um sonho”, diz ela, uma apaixonada por música, e sempre circulou nesse meio, com incursões do funk carioca ao rap, entre outras coisas.

Os poucos atrasos ocorreram por “feeling” da organização em segurar um pouco os DJs antes dos artistas principais para que mais pessoas pudessem acompanhar os headliners, como quando a fila da balsa para chegar ao arquipélado, no sábado (18.07), estava demorando mais que o normal. “Os músicos entenderam essa atmosfera, e isso é uma coisa que lutamos para conseguir, desde a decoração com as fitas até a criar áreas de lazer com soluções criativas”, gaba-se Anna.

OS SHOWS
Nomes conhecidos, como Céu, Lira e Tulipa Ruiz, dividiram palco com artistas de sucesso regional, e também nacional, como O Terno e Inky. Outros deles, como Charlie e Os Marretas e Holger, esticaram a apresentação para o Estaleiro, um bar no centro, próximo ao evento, com capacidade para 250 pessoas.

Durante o festival, os shows esbanjaram simpatia por parte dos músicos e acolhimento do público em estrutura impecável, montado em uma tenda, com luzes hipnotizantes que pululavam aos olhos. A paisagem afrodisíaca, mesmo que noturna, completava o cenário, com mensagens que pediam para as pessoas admirarem a paisagem porque o tempo não volta. E um lembrete: “não esqueça que a ilha é bela”.

ESTRUTURA
A ocupação de espaços públicos, uma das ideias do festival, foi garantida com sucesso: a estrutura do bar, do lado oposto ao palco, tinha cadeiras e mesas para os menos animados em ver de perto as atrações que se apresentavam pela primeira vez na ilha. Quem aguentou a maratona, todo dia das 19h à 1h, podia acompanhar o show na pista à frente do palco ou no deck, um pouco mais alto, com vista para tudo.

Os fãs de bandas também puderam consumir o material de merchandising de seu artista preferido. Com vinis (de R$ 50 a 80) e CDs (de R$ 15 a R$ 20), os souverirs ofereciam camisetas dos grupos e do próprio festival, com valores de R$ 30 a R$ 40. A lojinha se passava por uma barraquinhas de artesanato local.

INVESTIMENTO
O investimento de R$ 236 mil da prefeitura daquela cidade parece ter refletido em bons ventos para o comércio e turismo. A taxa de ocupação dos hotéis da cidade, segundo a organização do evento e do secretário Harry Finger, chegou a 76%, número muito superior ao de costume para a época, uma vez que o inverno é destino incerto para os turistas que buscam sol e calor na praia distante 228 km da capital. “Em outros anos, em julho, com a semana da Vela, a da taxa de ocupação foi de cerca de 50%, com o Festival Jazz chegamos a 62%”, explicou a assessoria em nota.

No total, foram cerca de 7.800 pessoas nos quatro dias de shows, com um público de idade que foi de 20 a 40 anos. O primeiro dia reuniu aproximadamente 1200 pessoas, somado a mais 2 mil na sexta, outros 4 mil no sábado, principal dia, e ainda 600, neste domingo (19.07), com encerramento da banda Inky.

*O repórter viajou a convite da Recheio Digital, produtora responsável pelo festival.

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