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Marc Ford (ex-Black Crowes) toca com os paulistanos da Republique du Salem

Por Carol De Barba

O guitarrista Marc Ford (ex-Black Crowes) é o convidado mais do que especial do show de lançamento do novo álbum da République du Salém, nesta quinta (16), a partir das 23h, no Na Mata Café (Rua da Mata, 70, Itaim).

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A République du Salém ganhou duas pré-indicações ao Grammy Latino com seu CD de estreia, e tem expectativas ainda mais altas sob a batuta do ex-Crowes. “Ouvimos as músicas dele durante todas nossas vidas. Eu costumava ouvir Southern Harmony, de 1990, o dia inteiro. Gravar com ele foi dar um passo adiante, pois ele também veio com ideias novas”, diz Rodrigo Lopes, guitarrista do grupo paulistano.

Ford assina a produção do segundo disco da banda paulistana, um blend de rock clássico com sonoridades brasileiras. “Nas batidas, no estilo de percussão. Eu realmente achava importante colocar isso. Não queria que eles fizessem apenas música americana. Achei que se tornaria mais interessante para mais pessoas ter essa combinação”, conta.

Há quase duas semanas em São Paulo, o músico diz que se sente “o rei da vizinhança”. Passeia, conversa com os moradores e até compõem. RG ficou sabendo destes e outros detalhes em uma conversa super descontraída com Ford, que você confere a seguir.

Como você conheceu os meninos?
O Rodrigo me enviou um e-mail. Ele não me deixava em paz. Eu continuava dizendo não e ele não desistia. Então, ele me ameaçou. *risos* Rodrigo (Lopes, guitarrista da banda, intervém): Eu disse que quando ele viesse ao Brasil teria de me enfrentar. Aí ele aceitou. *risos*

O que você está achando dos rapazes e do trabalho?
Eles bons, é divertido. Eu estou aqui, ainda estamos trabalhando juntos. Adoro as músicas deles.

O que chamou a sua atenção neles?
Eles gostam das mesmas coisas que eu, como Jimmy Hendrix e outros. Mas eu também gostei muito de misturar a música americana com sonoridades brasileiras. Isso foi muito interessante para mim.

Você também lançou um disco recentemente. Você está feliz com ele?
Sim, eu adoro o álbum. Fiz com meu filho na Inglaterra. Saímos em turnê pela Europa, mas agora eu já estou pensando em fazer outro.

Você já tem canções para ele?
Sim!

Você disse que está curtindo e compondo nesses dias, quer dizer que o Brasil está sendo inspirador?
Bem, sim. Eu escrevi algumas coisas enquanto estava aqui… Veremos… Sabe, quando tenho que fazer a música, eu faço a música.

Gravar seu próprio álbum faz você sentir saudade de ter uma banda ou você prefere reunir diferentes músicos para um projeto?
Gravar com um grupo aleatório de pessoas é como conhecer amigos novos. Tem que descobrir como tocar juntos. Às vezes é realmente terrível e simplesmente não funciona. Mas na maioria das vezes é maravilhoso.

Você já tem músicos em mente para esse próximo trabalho?
Não. Estou trabalhando com um novo produtor e ansioso para ver as escolhas dele. Estou cansado dos músicos de sempre, quero carne nova. *risos*

Seu filho vai tocar novamente?
Talvez. Ele disse que iria.

E o Black Crowes. Foi algo grande na sua carreira. O que ficou marcado para você dessa época?
Eu vi muito do mundo. Fiz muita música boa. Usei muitas drogas. Existem muitas histórias, mas quem se importa? A música era ótima.

Depois disso você tocou com diversos artistas em projetos muito diferentes, como Ben Harper e Ryan Bingham (vencedor do Oscar pela canção do filme “Crazy Heart”). Essas diferenças foram enriquecedoras?
Sim. Especialmente quando vou produzir, consigo usar todas essas experiências, de todo tipo de composição que já fiz. Cada vez que você produz você aprende um pouco mais. E você também entende que não tem como aprender a fazer música. A música meio que aparece quando tem que aparecer. Você apenas a conduz para onde ela quer chegar.

O que você aprendeu com Ben Harper, por exemplo?
Com o Black Crowes era meio selvagem, cada vez que você tocava era diferente, a gente nunca tocava exatamente igual em nenhum dia. Ben Harper é bem controlador, perfeccionista. Talvez eu fosse um pouco selvagem demais. Ele gostava muito de mim, mas acho que não estava pronto para isso. Ainda nos falamos, somos bons amigos.

E com Ryan?
Ele era ótimo. Quando o conheci ele estava começando, era apenas ele e seu baterista na estrada, tocando em qualquer lugar, vendendo CDs, comendo sanduíches. Eles eram pobres e tinham muita vontade de tocar. Quando os vi, enxerguei o talento e achei que podia ajudar. Então, liguei para um amigo dono de um estúdio e pedi um dia livre. Fizemos a gravação e pela primeira vez no estúdio eles soaram como eles achavam que deviam soar. Então, gravamos dois álbuns e ele ficou muito famoso. Encontrei com ele não faz muito tempo, no ano passado, e tocamos juntos. Sempre seremos amigos.

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