Por André Aloi
Talvez Barbara Ohana ainda não soe tão familiar para o grande público, apesar do sobrenome driblar a mente e sugerir de cara o de sua tia, a atriz Claudia Ohana. Mas sua música “Golden Hours” tem servido de embalo para as cenas mais picantes de “Verdades Secretas”, a nova novela das 23h, da Rede Globo.
A cantora estreia seu novo show, baseado no recém-lançado EP “Dreamers”, nesta terça-feira (30.06), no Sesc Pompeia, em São Paulo. Será a primeira vez que ela tocará na íntegra sua mescla indie pop com traços do glam rock Anos 80. Ela vai receber os “amigos queridos” Thiago Pethit e Adriano Cintra para o palco.
Este último, inclusive, foi um dos responsáveis pela concepção do disco de estreia ao lado do também produtor Apollo 9. “Nas músicas mais eletrônicas, a gente está inserindo elementos orgânicos, e vice versa. Vamos dar uma vida ao vivo para as faixas”, comenta, dizendo que quer que as músicas falem por si só, um pouco diferente de como foi gravado. E esse processo foi demorado: dois anos separaram as composições até a finalização do CD.
Sobre o sucesso da novela, Barbara diz que não esperava. “Foi uma surpresa”, diz ela sobre o momento que recebeu a notícia de que o produtor musical e autor da trilha original da trama, João Paulo Mendonça, havia escolhido a canção. “A repercussão tem sido boa. Já que faço um indie em inglês, não imaginava que fosse ter esse abraço das pessoas, do mercado e dessa parcela mais popular. Fico lisonjeada e feliz. As pessoas têm ouvido e procuram o EP. Pra mim, é um barato”, explica.
Com uma carreira totalmente ‘handmade’, Barbara se diz centralizadora para aprender. “Eu que coloquei (as músicas) no meu site, Spotify, Deezer, fiz tudo. Eu gosto dessa parte. Para esse primeiro trabalho, adorei fazer isso. Eu sou minha própria gravadora. É legal ter esse controle e poder acompanhar tudo de perto e ter o retorno de quem está baixando”, reforça.
Radicada em São Paulo há três anos, começou na música como integrante do coral Meninas Cantoras dos Canarinhos de Petrópolis, e começou a cantar na capital paulista em bares como o Secreto e Riviera. Antes disso, teve uma temporada nos Estados Unidos, e uma passagem pela banda de Gilberto Gil como backing vocal. Se não fosse cantora, Barbara diz que teria seguido a vida acadêmica. “Seria daquelas pessoas que ficam estudando e vivem para isso”, diz ela que não fez faculdade, mas teria escolhido Letras como primeira opção do vestibular. “Eu amo línguas”.
Ela acredita que cantar em outro idioma não é uma escolha, veio naturalmente e pretende manter. “Comecei a escrever quando passei um tempinho fora, em Nova Orleans, nos Estados Unidos, quando era adolescente. Não recebia nem telefonema do Brasil. Fiquei totalmente imersa na língua, lendo muito e escrevendo e cantando”. Barbara diz que até fez uma coisa ou outra em português e já tentou fazer em francês. “Não tenho essa amarra. Tenho mais tendência de falar e escrever em inglês, é natural pra mim”.
Para compor, ela explica que é um momento de transe. “Fico muito tempo sozinha e componho várias coisas, melodias, e tem sempre uma que fala o que eu realmente estou sentindo. Acabam saindo oito, nove, 10 melodias e harmonias daquele momento. E uma representa aquele sentimento, seja tristeza ou felicidade. Eu sou bem chegada num hemisfério lúdico, me transformando até em melancólica, mas nem sempre”.
Segundo ela, poder experimentar é a melhor escolha no universo indie. Alucinada por refrões, e apegada a um teclado e sintetizador, afirma que eles vêm à tona até mesmo numa caminhada. “Amo música pop… Quando estou animada, em casa, vou e faço uma melodia inteira em cima deles”, completa.
Fã de referências pop como Madonna, gosta mesmo é de artistas que ficam em cima do muro e transitam entre o alternativo. “Adoro Radiohead, amo Lana del Rey. New Order, com aquela dobradinha de Joy Division. Eu acho a Lorde, por exemplo, incrível”, enumera inspirações do seu trabalho que poderão ser conferidos nessa estreia.
Barbara também acaba de lançar o clipe de “Ordinary Piece“, dirigido por: Allexia Galvão e Leandro Pagliaro. Ela também lançou recentemente uma faixa exclusiva ” Your Armies” (clique para ouvir) exclusiva para um dos curtas-metragens da nova campanha de AXE, “Romeo Reboot“, dirigido por Daniel Rezende, indicado ao Oscar de melhor montagem pelo filme “Cidade de Deus”. Ele também dirigiu “Golden Hours“, a faixa de “Verdades Secretas”.
SERVIÇO
Barbara Ohana no Sesc Pompeia
Terça-feira (30.06), às 21h
R. Clélia, 93 – Vila Pompeia, São Paulo
Participações: Adriano Cintra e Thiago Pethit
Entrada Gratuita
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