Top

Com música na novela, Tiê brinca sobre a nova fase: “não vou virar a Anitta”

Por André Aloi

Tiê vive um momento novo em sua carreira. Depois de um EP e três CDs lançados, chegou a vez de ganhar um público maior. O clipe de sua música “A Noite (La Notte)”, parte do álbum “Esmeraldas” (2014), foi visto por mais de dois milhões e meio de pessoas no YouTube. Virou hit porque é o tema de Bruna Marquezine (Marizete) e Mauricio Destri (Benjamin), protagonistas da novela “I Love Paraisópolis”, da Rede Globo.

Ela acha graça desse sucesso todo. “Eu falo pro presidente (da Warner), Sérgio Affonso: eu não vou virar a Anitta. Não é nem o problema de usar shorts ou dançar. É que é outro tipo de música, os números são bem diferentes. O funk tem uma proporção muito grande”, brinca, falando que não vê problema nenhum em fazer parte da mesma gravadora que a funkeira carioca e sua outra companheira de selo, Ludmilla. “Não me coloque essa pressão. Até ia até adorar ser a próxima Anitta, fazer tudo isso de shows, mas acho difícil com o disco que tenho, é diferente mesmo. Adoraria se ela me chamasse pra um dueto”, diverte-se.

Tiê credita essa nova fase à força da TV aberta. “Tive sorte de a novela ir bem, de a Bruna ser uma gracinha e o personagem ser carismático”, acrescenta. A cantora que tem nome de passarinho e a atriz se conheceram nos bastidores do “Encontro”, também da emissora carioca. “Estava envergonhada, tocando no camarim pra cronometrar o tempo, ela entrou e falou: ‘você que é a Tiê’. Foi supersimpática, gentil, e falou que toda a produção sabe a música de cor, que quando eles se beijam (na trama), cantam à capela”, comemora.

Por causa do sucesso estrondoso, fez questão de visitar a comunidade que é retratada por Alcides Nogueira e Mario Teixeira no folhetim. “Adoro essa coisa de periferia, comunidade. Na visita (na sexta passada, 12.06) , fui na ONG que tinha contato, na rádio comunitária, na casa de pedra e almocei no restaurante do baiano. Fiz todo o circuito das artes, tirei foto com os bailarininhos e não conseguia voltar pra casa. Voltei de mototáxi”, explica, dizendo que foi uma das experiências mais loucas de sua vida. “Me senti um motoboy na cidade de São Paulo. Não é fácil essa vida porque os carros te odeiam e querem passar por cima de você”.

Prestes a sair em turnê de oito apresentações pelo Nordeste, no fim de julho e início de agosto, conta que adora fazer shows. “Não é todo artista que gosta. Passar som que é chato. Outro dia vi uma entrevista com o Renato Teixeira, que falou: eu só cobro pela passagem de som. Porque o show mesmo, eu faria de graça”, diz. “Adoro fazer show e olhar no olho do público, adoro dormir em hotel. Vivo bem em turnê”.

Quando não está na estrada ou em estúdio, se dedica à sua produtora Rosa Flamingo. Sem pensar em disco novo por ora, está debruçada no lançamento do CD de estreia de seu companheiro nas composições de “Esmeraldas”, André Whoong, que acontecerá em setembro. “Não dá pra separar a vida pessoal do trabalho. Aqui, pessoas física e jurídica são a mesma coisa”, ri. Ela menciona que além do CD de rock-canção do parceiro, tem ouvido bastante Justice pra dançar, Metronomy, Philip Glass e várias músicas infantis por causa das filhas Liz (5) e Amora (2). “Ando numa fase pouco MPBística”.

Por falar nas pequenas, depois de alguns shows infantis, nos idos de 2013, a paulista diz que pensa em gravar um projeto infantil com a filha mais velha. “Ela já tem vários começos de música, desenvolve bem as letras. Eu brinco que ela é meu Emicida porque vai fazendo umas rimas e repentes. Não vai ser um projeto para criança, mas com criança”, reforça. Mas isso deve acontecer só depois que terminar a divulgação de seu mais recente álbum, que em breve ganhará o clipe de “Isqueiro Azul”.

A cantora se apresenta na FNAC Pinheiros nesta quarta (17.06), no sábado (20.06) na Virada Cultural, às 14h, no palco do Largo São Francisco. No dia 26, faz show em Ilhamela, 29.06 participa de uma seminário no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. E, no dia 30, faz uma ponta no show de Jesse Harris no Bourbon Street, também em São Paulo.

VERSÃO BRASILEIRA
Quando gravou a música “A Noite”, versão de “La Notte”, da Arisa, Tiê não sabia que teria essa repercussão, apesar de saber de seu potencial. “Conheci essa música sendo número 1 na Itália. É uma versão. Quando falei aqui: gente, e se eu fizer a minha letra, trouxer para o meu ambiente, pro meu universo?”, indagou. “A gente teve contato com o autor, pedi permissão pra fazer a minha letra ele autorizou. Foi uma experiência interessante de pegar a música de alguém e por sua letra. O resultado foi excelente porque é uma música chiclete e as pessoas se emocionam”.

Mais de Cultura