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Sharon van Etten se apresenta no Brasil: “não sou uma personagem”

Por André Aloi

Nesse Dia dos Namorados, comemorado sexta-feira (12.06), a cantora americana Sharon van Ettan se apresenta no Cine Joia, pelo selo Popload Gig. Com letras muito pessoais e deprês, essa americana pode ser considerada a rainha da “sofrência” lá fora. “Isto sou eu, estas músicas são minhas. Não sou uma personagem, não sou uma rockstar. Sou eu cantando e contando algumas histórias”, diz ela sobre seu show.

O resumo da cantora sobre sua apresentação em nada remete a esse sentimento de culpa, retratado em suas letras: quer que as pessoas vão lá para “estar junto”, seja com amigos ou até mesmo entre casais. “Pra mim, a reação da plateia é muito importante. Eu gosto de falar, conhecer gente nova, me colocar no lugar deles. Estou ali para compartilhar, contar piadas e me divertir”.

De passagem pelo Brasil, disse que foi instruída por uma amiga sobre o que fazer na capital paulistana. Estava animada para experimentar a comida e, como ama dançar, queria ir a algum lugar.

Sabendo que o público brasileiro é muito animado, comentou que sua maior saia justa é quando as pessoas são apáticas em seu show. “É horrível quando a plateia não tem reação, fica muda, porque é você se confrontando. Em alguns lugares, como na Europa, as pessoas acham que é educado ficar quieto. Mas isso só me faz pensar: eles me odeiam”, ri.

Apesar das letras intensas, Sharon avisa que seu momento no palco não é para sofrer. Conselheira amorosa por meio de suas faixas, ela quer voltar a estudar, inclusive. Quer ser terapeuta. “A música me abastece, mas quero desenvolver outras partes do meu cérebro, entender porquê escrever me faz sentir melhor. E porquê a música faz com que outras pessoas sintam-se aliviadas”.

Desse momento cúmplice com o público, fala que não tem culpa nem remorso em reviver ao vivo o momento da composição, apesar de algumas vezes sua voz embargar. “Posso olhar pra minha banda, tirar sarro do que passou. Soube que os brasileiros são legais, interativos, vão felizes para os shows, amam música. E eu preciso disso”.

Sucesso de público e de crítica, Sharon ainda se surpreende com o fato de a música não ter fronteiras. “Uma vez no Japão, pensei: como é que vocês podem estar ouvindo a minha música. Isso é maluco, mas me sinto abençoada”, comemora.

Ela acaba de lançar um EP, chamado “I Don’t Want to Let You Down”. Se há essa preocupação no nome do disco, com certeza, não vai desapontar os fãs.

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