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“É um microcosmo do que a gente vive na sociedade”, diz Bruno Fagundes sobre “Tribos”

Por Marília Leoni

Desde que estreou, em 2013, a peça “Tribos” já foi apresentada mais de 220 vezes em sessões pelo Brasil e até em Portugal. Agora, se prepara para uma curta temporada no Rio de Janeiro, sem sinais de cansaço. “A beleza do teatro é que é um exercício incrível. Estamos em cartaz há dois anos com a mesma peça. Os textos e as marcas não mudam, mas a gente muda diariamente. Vamos evoluindo”, explica Bruno Fagundes, que produz e atua na montagem. Na obra, ele interpreta o personagem principal, Billy, que nasceu surdo em meio a uma família de ouvintes.

A sinopse pode até parecer de um drama em um primeiro momento, mas trata-se de uma comédia perversa, dessas que fazem as pessoas rir por se identificarem com as próprias vidas. “É um microcosmo do que a gente vive na sociedade, de estarmos cada vez mais intolerantes, de ninguém parar para se ouvir efetivamente”, resume o ator. Talvez por isso o feedback mais comum seja de pessoas de grupos minoritários confessando que sentiam que tudo aquilo que foi dito era para elas.

Para se preparar para o papel, Bruno se envolveu com a comunidade surda para conseguir representá-la da melhor forma possível. Afinal, em um terço da peça ele se comunica por meio da linguagem de sinais. “Foi muito aprendizado, um trabalho de auto-conhecimento”, confessa.

Além disso, passou a conviver intensamente com o pai, Antônio Fagundes, que também produz a peça e atua nela como o patriarca da família retratada. “A parte ruim dessa experiência é que não falamos de outra coisa. Mesmo quando estamos com meus irmãos, a gente inevitavelmente fala de trabalho”, conta. “A parte boa é que gente ama o que faz. Minha profissão é minha vida e a dele também. De repente, nos descobrimos parceiros e juntos criamos uma história linda.”

Nessa empreitada, ambos tomam as decisões e a palavra de cada um tem o mesmo peso. São igualmente responsáveis por se preocupar com as finanças da peça – que não tem financiamento público e se mantém somente com o faturamento da bilheteria -, com as cidades para onde vão viajar e com todas questões práticas que envolvem a produção de um sucesso desse tamanho.

Tanta dedicação pode parecer cansativa, mas Bruno já se prepara para outra empreitada: no segundo semestre, pretende retomar a peça “Vermelho”, que estreou em 2012 e teve curta temporada em São Paulo. Oportunidades para assisti-lo é que não faltarão… Enquanto isso, também dá para ver o ator em ensaio feito pelo fotógrafo Rael Barja, que RG mostra com exclusividade.

Serviço
Tribos
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