Por André Aloi
Quando David Guetta começou a discotecar, lá pelo fim da década de 1980, precisou estudar a origem dos ritmos, como Funk, Disco, New Wave, R&B e até mesmo Jazz para poder entender o Hip Hop e a House Music. Mas, segundo ele, a nova safra de DJs não faz lição de casa. “Eles não conhecem nada da música do passado”, disparou durante um bate-papo com RG, nesta segunda-feira (04.05), depois da passagem meteórica pelo festival Tomorrowland, que aconteceu no fim de semana, em Itu.
O superstar diz que tem conversado com muitos colegas da nova geração e eles não sabem nem quem foram os criadores do tipo de música que estão tocando. “Estou falando de estrelas que prefiro não dizer o nome. Hoje, grandes personalidades estão se tornando DJs porque são bons produtores e não porque são bons disc joqueis”, comentou.
Com 30 milhões de discos vendidos ao redor do globo, Guetta, que é sempre criticado por ter se desgarrado das vertentes mais conservadoras da cena eletrônica, diz que faz pop comercial (a conhecida “farofa”) com orgulho. “Não tenho vergonha disso, não estou tentando dizer que não sou”, retruca. “Acho que a loucura toda é um artista que toca para 50 mil pessoas dizer que é underground. Essa não é a verdade. Se você tocar para 500 pessoas, pode dizer isso.”
O dj, que já foi da cena underground, fez uma escolha: “Quis compartilhar música com um um maior número de pessoas. E estou orgulhoso disso”. Segundo ele, música é um ciclo que começa underground, vira tendência, depois fica popular. “Só espero que tudo continue sendo criativo porque o underground sempre vai chegar ao pop.”
Quando está em estúdio, Guetta tenta ficar imaginando como será a reação do público, mas é uma loteria tentar adivinhar qual música vai ou não vingar. “Às vezes você sabe um pouquinho, mas vou dar um exemplo: um dos maiores sucessos do meu CD anterior, “Titanium” (com participação da cantora Sia), foi lançado como o quinto single. Ninguém imaginou que seria um sucesso. É muito fácil tecer comentários depois”.
Se pudesse escolher uma artista para gravar mais um de seus “feat.”, com certeza seria a cantora Beyoncé, que recentemente apareceu em fotos com ele, mas não tem nada confirmado. De certo, que são amigos. “Não sei porque ainda não rolou. Talvez tenha que achar a música certa”. Entre suas novas descobertas musicais, está o grupo Flostradamus. E, se pudesse se aprofundar, gostaria muito de estudar e fazer alguma combinação de seu som com o funk carioca.
NO TOMORROWLAND
Convidado para encerrar a primeira edição brasileira do festival, o DJ disse que sua participação foi maravilhosa. “Foi um momento muito especial. Porque toco na Tomorrowland, na Bélgica, desde a primeira edição. Tem 10 anos que toco lá e acho que sou o único. E o Brasil é, provavelmente, meu país favorito para tocar. Trazer o festival ao País, para mim, foi muito mágico.”
GRINGO DA GEMA
Já acostumado a vir ao Brasil (ele já perdeu as contas de quantas vezes esteve por aqui), contou estar habituado ao lifestyle carioca. “Quando estou perto da praia, gosto de andar na beira do mar, beber água de coco. Sou um turista perfeito”, brinca. “É muito engraçado porque já tentei (sair do hotel) de diferentes formas. Se eu saio com seguranças, todo mundo reconhece: ‘David Guetta, David Guetta’. Mas se eu vou sozinho, coloco um chapéu, short… E as pessoas nem imaginam que possa ser eu”