Por André Aloi
“Como pronuncia seu nome?”. “É Alok (fala-se alóqui) mesmo”, responde, rindo ao dizer que já sofreu bullying na época do colégio e ainda tem pessoas que pronunciam alôca, como a gíria gay. Assim começou o bate-papo, por telefone, com o disc joquei, considerado o número 1 do Brasil, segundo os leitores da revista brasileira “House Mag”.
Ele é o representante da EDM (música eletrônica) do Brasil na edição do Rock in Rio Las Vegas, que acontece agora em maio nos Estados Unidos, e no Tomorrowland, tanto o da Bélgica, que acontece em julho, quanto na primeira edição brasileira, que acontece este fim de semana (dias 1, 2 e 3 de maio), em Itu, no interior paulista.
Alok Petrillo é o nome que está em seu RG. “Meus pais gostam muito da Índia. Não são adeptos da cultura, mas acabaram se interessando e quem deu meu nome – não sei se posso chamá-lo de guru – foi um dos pregadores mais famosos de lá, Osho”. Ele é filho de verdadeiros áses da música eletrônica, Ekanta e Swarup – os criadores e principais organizadores do Universo Paralello, festival de música eletrônico nacional dos mais importantes.
“No Brasil, foi proposto para para que eu fosse o rosto do Tomorrowland, tanto que vou tocar no palco principal”, gaba-se, mas logo volta a falar do começo difícil e de como foi seu crescimento profissional. Desde os 12 anos, toca profissionalmente. Ao lado do irmão gêmeo (que não é univitelino), Bhaskar Petrillo, lançou CD autoral com o projeto Lógica, visitou dezenas de países, mas seu irmão quis seguir outra profissão.
No caminho inverso do que largou a música, esse brasiliense de 28 anos trancou o curso de Relações Internacionais para seguir o legado dos pais, apesar de ter uma sonoridade controversa à família – que vem de uma vertente do Trance. “Não sei definir. Acho que a questão toda é essa”, defende-se, explicando que seu som está mais ligado ao Techno e ao House. “Eu não vou me vender a um tipo de som para agradar ao mercado. Claro que preciso ser um artista versátil, me adaptar, mas manter sempre minha ideologia por trás da música”, pondera.
Alok diz que tem diferentes fontes de inspiração artística, que vão além da qualidade sonora. “Não é apenas o lado comercial que conta, mas o amor pela música, um pouquinho da personalidade e caráter. Respeito muito esse tipo de artista, independente do gosto musical bater ou não”.
Entre os nomes dos quais é fã, estão os megaestrelas da EDM mundial, como Skrillex e Diplo, além de artistas menores, da cena underground. Quando era menor, ouvia bastante música eletrônica por causa da família, mas rock e “essas coisas mais pop”, como Daft Punk e Gorillaz, e experimentais, como The Chemical Brothers e Prodigy, também estavam no repertório.
No ano passado, Alok ficou seis dias em sua casa, no Distrito Federal, no período que antecedeu o Natal. O resto dos dias, esteve viajando. “Tento manter a dieta e ir à academia cinco vezes na semana. Não é mais a rotina que vive para mim, sou refém dela. Minha vida gira em torno da agenda de shows”. Hoje, está difícil arranjar tempo para namorar, apesar de manter um relacionamento à distância com uma estudante de medicina carioca, de 24 anos.
E ele lida bem com o assédio. “O público feminino é muito forte, tenho mais fã mulher do que homem. (…) O público gay é o mais fiel, que mais interage. Não me incomoda (se falam que sou)”, diz ele, que sempre foi uma pessoa vaidosa e preocupada com o corpo. “Não pode ser nem vai ser o fator decisivo na minha carreira. Se explorasse minha imagem, ia perder a credibilidade”.
O número 1 do Brasil também busca alcançar outros patamares lá fora. Em 2014, ficou na 128ª posição no ranking dos melhores DJs do mundo da revista especializada “DJ Mag”. Qual posição será que ele fecha esse ano? Ele está em campanha e nós na torcida. Go Alok!