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Luiza Lian apresenta sua MPB psicodélica em show no Itaú Cultural, em SP

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Por André Aloi

Luiza Lian sobe ao palco do Itaú Cultural, nesta quinta-feira (02.04), para lançar seu primeiro CD solo, homônimo. É a primeira vez que ela canta ao vivo as músicas com sons psicodélicos e referências setentistas que ela bebeu das fontes do jazz, blues e até do rock. “É MPB porque acho que é bem de música brasileira, mas não consigo achar um gênero pra ele”, comenta a cantora com RG sem se importar com o rótulo neo-MPB para a estreia.

No show – cujo style é assinado por Gabi Cherubini, que entre outros trabalhos assinou as roupas da turnê da banda Holger, e a cenografia de Maria Cau Levy e seu time, mesma artista que produziu a capa do disco em serigrafia -, ela canta um cover de “De Manhã”, de Caio Falcão e o Bando, e uma outra música que deve entrar em um EP mais pra frente. A própria Luiza assina a direção artística.

A feminilidade é um dos destaques nas letras quase biográficas em boa parte das 13 músicas que compõem o disco. “Tem uma Luiza que é mais menina e uma que é mais mulher. Acho que esse é exatamente esse o jogo do disco: mostrar os vários lados do feminino, e não à toa, tem uma música pra Oxum, que é uma orixá que representa essa força”. O disco, que demorou três anos para ficar pronto, é lançado pelo selo Risco e tem download gratuito no site dela.

Filha de cantora, a única resistência que enfrentou foi ter de ouvir conselhos sobre a dificuldade de se criar ídolos nacionais na música. “É um processo que exige muito trabalho e o retorno vem aos poucos. Acho que minha mãe ficou muito contente, tanto que a gente está trabalhando em conjunto. Aprendi a cantar, ouvindo ela cantar. Ela é minha primeira referência”, derrete-se.

Aos 26 anos, Luiza não namora. E acha que a condição é produtiva porque abre uma variedade de temas e sentimentos para trabalhar nas suas canções. “Compor é um processo que acontece naturalmente, do que estou vivendo no momento. E essa vivência se transforma em composição, como o amor, os orixás, a natureza, o tempo… Mas vai muito de acordo com aquilo que estou vivendo no momento”. Ela diz que gosta de cantar sobre a vida. “Tem cantores e compositores que são mais cronistas (…) Solteira sim, na fossa jamais… Quando a fossa vira música, ela deixa de ser fossa”, decreta.

O ritmo de trabalho desde o Carnaval foi intensificado para entregar com magnitude as músicas nessa estreia. Depois desse show, a cantora pretende cair na estrada. “Quero espalhar esse trabalho. Pretendo tocar fora de São Paulo, fazer shows pelo Brasil e a gente está se organizando para isso”.

Como é formada em artes visuais pela Unesp, quer continuar a série de vídeos ao lado do diretor e artista plástico Paulo Scharlach e fazer novos videclipes, como o “Coroa de Flores”. Em pauta, ainda está um projeto chamado “A Pointe”, que une DJs londrinos e italianos ao coletivo brasileiro.

ODE AOS ORIXÁS
Por falar em orixás, Luiza frequenta terreiros de umbanda desde a infância em Trancoso, um vilarejo localizado ao sul da Bahia, e lá começou a cantar. “Eu sempre tive muita curiosidade religiosa. Não diria que tem a ver com minha formação religiosa porque não considero exatamente uma forma de religião, mas de espiritualidade. É um tipo de conexão que tenho e acredito…É uma parte do meu cantar”, explica.

Atualmente, seu pai, Gê Marques, é um dos dirigentes do grupo Reino do Sol, de umbandaime (mistura entre a doutrina do daime com a umbanda). Alguns poemas dele, que ela ouvia na infância na voz de sua mãe, Fabiana Lian, foram musicados por Beto Bianchi e estão no CD. “Minha maior referência depois da minha mãe, é a Lauryn Hill e a Billie Holyday. Das brasileiras, Juçara Marçal, Gal Costa, além de cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso. Das cantoras que gosto dessa nova geração, são Céu e Karina Buhr”, enumera, dizendo que os afro-sambas de Vinícius de Moraes e os cânticos de Clara Nunes têm seu lugar nas referências.

BANDA
Acompanham Luiza nessa empreitada solo os músicos Guilherme d’ Almeida (baixo), o Peixe d’O Terno e Grand Bazaar, Tomás de Souza (teclados), das bandas Charlie & os Marretas e Grand Bazaar, Charles Tixier e Juliano Abramovay (violão), ambos de Grand Bazaar, Noite Torta e Orkestra Bandida. Todos fazem parte do selo que lançou Luiza e tem no catálogo, ao todo, nove artistas e bandas.

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