Por Pedro Henrique França, Conteúdo Harper’s Bazaar
A roda começou sem muito barulho. Paula Lavigne vinha de uns tempos sem encontros regados a violão, desde a separação de Caetano Veloso. Até que, aos poucos, a sala foi se enchendo outra vez. Primeiro, veio o violonista baiano Cezar Mendes; depois, o carioca Pretinho da Serrinha, afilhado egresso da banda de Seu Jorge.
Fernanda Torres, à vontade, começou a soltar a voz nos pequenos encontros no apartamento de frente para a praia de Ipanema. Mas a atriz passou ao posto de coadjuvante (“o coro das pastoras”, como ela define) desde que as cantorias passaram a ganhar volume com participações de Djavan, Jorge Ben Jor, Milton Nascimento.
Só no mês passado, as internacionais Carminho e Queen Latifah engrossaram o coro. O carrancudo Kanye West também já circulou por lá. “Era uma rodinha, hoje em dia virou outra coisa. Eu só abro a boca quando não tem profissional”, confessa Fernanda, eleita rainha das cantorias pela anfitriã e pelos músicos habitués.
“A gente foi arrumando motivo”, brinca Paula. “Aniversário de alguém, a Carminho que está no Brasil, lançamento do livro da Nanda [Torres]. Foi ficando uma coisa folclórica. Outro dia, o Nelsinho [Motta, escritor] brincou que tinha três palcos aqui: o Mundo, o Jazz e o Samba – três rodas rolando ao mesmo tempo, em ambientes diferentes”, conta. O nome-apelido das festivas noites vieram em tom de deboche. Ou bullying, como prefere Paula.
“Os cariocas adoram um bullying. Sou carioca e posso dizer. O Mauro Lima [diretor] que ficava: ‘Ih, lá vai as cantorias’ quando os encontros viravam rodas de samba”, relembra. (Nota da redação: no dia em que a empresária postou uma foto sua no Instagram, do ensaio que iria ilustrar esta reportagem com o tema da pauta, o cineasta zombou outra vez: “Hahaha! As cantorias…”).
Tanta cantoria e boas relações, nas mãos de Paula, viraram business. O coelho saiu da toca. O projeto batizado – adivinha… de Cantoria foi inaugurado já no finzinho de 2014, no Parque Dois Irmãos, no Rio, e terminou num sambão com Baby do Brasil, Caetano, Otto e Teresa Cristina, entre outros. Em parceria com a Arara, escritório criativo de Malu Barretto, Pedro Igor Alcântara e Rodrigo Peirão, estão sendo planejadas novas edições, em vias de captação.
A ideia é promover encontros como os que acontecem na casa de “Mainha”, como ela (e suas casas no Rio, em Salvador, em Nova York e no interior de Minas) é chamada. “General” também é outro de seus apelidos, especialmente entre os que trabalham com essa workaholic.
Frequentemente, Paula responde a e-mails na madrugada e, mesmo quando está “a lazer” em sua casa, dificilmente baixa a guarda. “Descobri que gosto de festa porque me divirto e trabalho ao mesmo tempo”, confessa.