Por André Aloi
Escolheram uma quase xará, Karin Hils (exceto por duas letras, mas com sonoridade igual), para interpretar o papel de Whoopi Goldberg na adaptação brasileira para o musical “Mudança de Hábito”. A montagem estreia hoje (05.03), no Teatro Renault, em São Paulo.
Caryn Elaine Johnson é o verdadeiro nome de Whoopi, que deu seu aval para a atriz e cantora brasileira dar o tom que quiser à personagem. A americana ternizou a Deloris na franquia para os cinemas no início dos Anos 90, filme bem conhecido pelas gerações que cresceram assistindo à “Sessão da Tarde”, na Globo.
A protagonista da adaptação viajou recentemente aos Estados Unidos para conhecer sua diva. “Eu quase não lembro (do que Whoopi me falou). Foi muito impactante, especial. Depois, perguntei à Stephanie Mayorkis (diretora de teatro e exposições da T4F) o que ela tinha falado. Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer na minha vida, nem nos meus maiores e melhores sonhos”, comemora.
Quando há uma versão para filmes famosos, geralmente, os artistas querem se distanciar da interpretação consagrada. Não para Karin, que disse ter visto o filme mais uma vez depois de receber o roteiro para relembrar. “Ela falou que tinha assistido a um vídeo meu e estava muito feliz com a escolha, para eu ser muito feliz e fazer a Deloris do jeito que eu quisesse”, recorda.
“Uma coisa que ficou muito marcada foi uma frase: ‘Você vai ficar bem’ (You’ll be fine”)”, repetiu duas vezes no tempo e tom que ouviu da atriz em inglês.
RG perguntou se ela já teve vontade de cantar em coral de igreja: “se pagarem bem…”, gargalhou, dizendo que, apesar de eclética, sua formação musical não se deu com nenhuma religião. A atriz e cantora não tem medo de ser mal interpretada pela comunidade católica. “É tudo tão divertido. Quando a intenção é boa, espalhar o amor e trazer a alegria, tudo é válido. Deus está na frente, então acredito que devam receber de maneira positiva”, emendou.
Apesar de não ter as músicas que fizeram sucesso no filme, já que foram traduzidas, o espetáculo é carismático e segue o padrão Broadway. Com uma pitada brasileira para ficar mais próximo do público, a montagem não vai excursionar o País.
SEU PEDIDO É UMA ORDEM
A única exigência de Whoopi, que assina a produção internacional da montagem, é que a atriz que interpretasse seu papel fosse negra. Karin disse que o pedido foi fundamental. “O teatro musical é muito mais democrático e abrangente para qualquer artista negro no Brasil, diferente da televisão, que está muito mais ligada à estética”, opina.
ATRIZ E CANTORA
Antiga conhecida da TV: venceu o reality musical “Popstars”, do SBT nos idos dos anos 2000, foi integrante do grupo Rouge (aquele do “Aserejé”, com passinhos reinventados de “Macarena”), esteve no elenco de “Floribella”, na Band. E mais recentemente deu vida à Soninja, em “Pé Na Cova”, e à Zulma do “Sexo e as Negas“, ambos seriados da TV Globo.
Sobre a diferença na hora de se preparar para a TV ou para o teatro, Karin afirma que os dois têm muito trabalho, entrega e pesquisa. “A experiência que eu tive com ‘Sexo e as Nega’, a interpretação tinha música envolvida, e gravação de clipe semanais, então não vou dizer se o trabalho foi maior ou melhor. A quantidade de trabalho foi a mesma”, explica, reforçando o amparo profissional de fonoaudióloga, personal trainner e otorrino. “É um trabalho quase que 24 horas na manutenção disso”.