Por André Aloi
Paulo Miklos, do Titãs, vai dar vida a Adoniran Barbosa no filme “Dá Licença de Contar”, que trata da discografia do sambista. Dirigido por Pedro Soffer Serrano, o curta-metragem será lançado no segundo semestre, nos principais festivais do País.
“As músicas são muito visuais, as histórias têm narrativas perfeitas, quase uma estrutura de roteiro. Quando ouvia, falava: essa dá um filme”, explica o diretor ao Site RG, sobre a escolha do tema. Com histórias mescladas, interligando personagens de cada trilha, a interpretação de Miklos não é necessariamente um retrato biográfico.
Participam do curta os atores Gero Camilo (Matogrosso), Gustavo Machado (Joca) e Aisha Jambo (Iracema). Serrano explica que foi “incrível” trabalhar com todos, em especial Miklos. “Ele se dedicou muito a esse personagem e o resultado ficou muito legal. Ele deu uma vida ao Adoniran que só ele mesmo seria capaz”, comenta.
Com produção musical de Lucas Mayer, a trilha sonora é original e arranjos que relembram às produções do músico. O Titã regravou duas músicas para o filme: “Samba do Bixiga” e “Saudosa Maloca”.
HISTÓRIA
O filme começa com o senhor de chapéu, gravata borboleta e bigode, relembrando as histórias em uma mesa de bar, nos anos 1980. “As histórias são atemporais, que se passam em sua juventude, mais ou menos datada dos anos 1950. Uma época que não existe mais, em que a cidade tinha um lado humano e uma felicidade, e as pessoas curtiam a natureza das coisas”, reforça.
Segundo Serrano, as faixas fazem parte da cultura popular paulistana e nunca foram retratadas no cinema. “Estão na boca do povo, às vezes a pessoa não gosta tanto de samba e nem sabe que é dele, mas todo mundo sabe pelo menos uma música”, comenta, citando “Saudosa Maloca”, “Trem das Onze” e “Tiro ao Álvaro” entre as principais. “O próprio Adoniran nunca teve o reconhecimento que merecia”, opina.
LUZ, CÂMERA…
O filme foi gravado no início do ano, entre 19 e 23 de janeiro. Está em processo de finalização e deve ficar pronto em maio, com duração de 15 a 18 minutos.
Entre os locais de gravação estão a Vila Maria Zélia, um vilarejo operário na zona leste, datado de 1917, que era ocupado por trabalhadores de uma fábrica e que se conserva como tal até hoje. Além da cidade de Ibiúna (distante 61 km de São Paulo), no interior, onde foram gravadas as cenas rurais.