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“Não faz nenhum sentido pra mim as pessoas se fotografarem o tempo inteiro”, diz Jessica Lange

Por Priscilla Gonçalves

Nesta terça-feira (10.02), o Museu da Imagem e Som (MIS) foi invadido por fãs da série “American Horror Story“. Afinal, a grande estrela da trama, Jessica Lange, veio a São Paulo especialmente para divulgar seu trabalho como fotógrafa. Pouca gente sabe, mas a atriz já fotografa há mais de 20 anos e pasmem; ela odeia que tirem fotos dela.

A mostra “Jéssica Lange Fotógrafa” traz 135 imagens  e 12 folhas de contato, todas em preto e branco feitas com uma câmera Leica M6, presente do ator, diretor e escritor Sam Shepard. O MIS promoveu um bate-papo entre os fãs e a artista, que contou um pouco sobre a sua arte: ” Eu tento ver a fotografia antes que o personagem perceba que estou lá. Esse momento é o que mais me interessa. Eu tento fazer com que eles não sejam introduzidos na cena naturalmente”, explicou.

Na seleção de imagens, Jessica fala sobre o mundo humanista, um sonho perdido nesta era de consumo que nós vivemos. Um desejo de 30 anos atrás que ainda não se tornou realidade. “Sou atraída por momentos incomuns hoje em dia, como um momento de amor entre casal de namorados ou uma cena espontânea de carinho. Não me interessa fotografar o mundo da fama, por exemplo”, destacou a artista.

Durante o bate-papo, Jessica deu a sua opinião sobre a mania da selfie, que invadiu a vida das pessoas, e a popularização da fotografia: “Cruzamos uma fronteira quase sociológica. Não faz nenhum sentido pra mim as pessoas se fotografarem o tempo inteiro. Eu entendo esse impulso de querer registrar todos os momentos da vida, mas isso se tornou algo além do natural”, disse a atriz.

“Quem é que se importa tanto com você ao ponto de ficar acompanhando a sua vida desta forma? Ninguém quer saber o que você come ou o que você compra no supermercado, certo?”, destacou Lange. Explicação interessante para uma plateia de 20 e poucos anos que cresceu em meio a este fenômeno e que estava proibida de tirar fotos da atriz durante o debate. Missão quase impossível para quem vive com o celular na mão.

“Um dia eu estava passeando em uma praça e vi um casal de jovens andando de mãos dadas. Pensei: ‘Vou registrar esse momento de romantismo’. De repente, eles sacam o iPhone do bolso e fazem uma selfie. Não vi nenhum tipo de carícia entre os dois. Voltei a pensar: ‘Será que é bom se relacionar assim?'”, questionou Jessica.

Fica a pergunta no ar…

 

 

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