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Juliano Salgado fala sobre indicação de “Sal da Terra” ao Oscar 2015

Por Priscilla Gonçalves

“Esse filme tem uma mensagem para passar porque ele mostra que ainda há esperança no mundo”. Assim  Juliano Salgado resumiu seu documentário, “Sal da Terra“, que concorre ao Oscar 2015 na categoria Melhor Documentário. Ao lado do diretor Win Wenders (“Pina”), Juliano fez um retrato raro sobre seu pai, o fotógrafo Sebastião Salgado, e seu famoso projeto “Gênesis” – uma expedição que registrou imagens de povos e regiões do planeta até então inexploradas. Mas a parceria entre pai e filho começou muito antes, no Brasil.

“O Tião pediu que eu o acompanhasse em uma viagem ao Pará para conhecer a tribo Zo’é, um povo que vive isolado no noroeste do estado. Na época, eu e meu pai não tínhamos uma relação próxima, mas tudo começou a mudar quando voltamos a Paris. Ele viu as imagens que eu tinha feito e se emocionou. Foi a partir daí que as portas se abriram para fazer o filme”, contou o cineasta.

Nas primeiras viagens que Juliano fez com o pai, que chama carinhosamente de Tião, levava apenas uma câmera de vídeo semi profissional. O próprio Sebastião preferiu assim. A rotina era tão austera que a bateria era carregada através de um painel solar e a água que bebiam era purificada através de um sistema especial criado pelo fotógrafo.

Com tantas andanças pelo mundo afora, Juliano ficou com um material e tanto na mão. Não havia equipe de edição e o cineasta acabou fazendo todo o trabalho sozinho. Quando o diretor Win Wenders se juntou ao projeto, mudou tudo. “Ele já queria fazer um filme sobre o Tião há muito tempo.Ele mesmo intermediou tudo, inclusive as entrevistas com o meu pai. Como a minha relação com ele era um tanto quanto complicada, ficou mais fácil quando ele chegou”, destacou.

O diretor deu um olhar impessoal e capturou o espírito de Sebastião Salgado. Foi aí que surgiram ideias diferentes para enriquecer o documentário. Win fez entrevistas com Sebastião em um estúdio com cortinas pretas, câmera em close e um teleprompter – que ao invés de passar o texto, exibia fotografias tiradas durante as suas viagens. Os depoimentos fluíram naturalmente de acordo com as sensações e memórias que surgiam na ocasião.

O resultado foi tão bom que não agradou somente Sebastião e a esposa Lélia, mas também quem estava no Festival de San Sebastian, na Espanha, em 2014. O filme foi o mais votado na categoria Escolha do Público e teve a maior média da história do festival. Agora, a espera é para ver se a Academia também vai votar na mensagem de esperança.

 

 

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