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Alice Caymmi afirma que suas inspirações vão de João Gilberto a É o Tchan

Por André Aloi

Aos 24 anos, Alice Caymmi carrega um sobrenome forte, que entrega suas origens. Ela é filha de Simone e Danilo Caymmi, neta de Dorival. A cantora carioca acaba de lançar novo CD, gravou DVD na última semana em São Paulo e se prepara para excursionar o Brasil em 2015. A “Rainha dos Ventos” conversou com RG nos bastidores da produção de mesmo nome, dirigida por Paulo Borges – idealizador do SPFW e Fashion Rio.

Ouça o novo álbum de Alice Caymmi

Como boa criança que viveu os anos 90, acompanhou os grupos de axé nos programas de TV dominicais, e recriava as coreografias de Carla Perez e Sheila Carvalho nas festinhas infantis. Ela não nega as origens! “Como toda criança dos anos 90, dançava sem saber o que era”, disparou, pedindo pra mãe não soltar mais detalhes.

“Eu saio do show com vontade de cantar axé, músicas trash. Ouvi tanto João Gilberto que já deu”, brincou. “Enchi o saco do meu pai (para ele comprar os CDs), cresci ouvindo É o Tchan, Dorival Caymmi, Tom Jobim”, numerou, citando exemplos desse gosto “esquizofrênico”. Depois de ouvir Compadre Washington e sua turma duas décadas atrás, sem esquecer dos Mamonas Assassinas na sua formação na década anterior, foi a vez de dar lugar no player para o funk carioca e nomes como Bonde do Tigrão e outros conhecidos da Furacão 2000.

Entre outros ícones, tem inspirações declaradas nas cantoras Billy Holyday, Maysa e Elis Regina, além de Caetano Veloso. “Elis todo mundo fala… É tipo Flamengo”, exclamou. Em seu player, tocam ainda Erykah Badu, Guensburg (clássica), PJ Harvey, além de Caetano.

A carioca disse que se não está nem aí com possível preconceito por conta de suas raízes. “Se tem, eu não me importo. Estou muito bem, obrigada. Não vou nem dormir”, ironizou. “Se for me preocupar com isso, vou competir com uma pessoa diferente de mim, que nasceu antes de mim, com contextos diferentes do meu. Competir com a própria sombra? Não vai rolar”.

Só não gosta de ser taxada como uma artista da nova MPB.  “Vim de lá (da neo-MPB). Acho que o termo Música Popular Brasileira não quer dizer absolutamente nada. Mas quando se coloca o termo nova na frente perde o sentido. O gênero está sempre se renovando. Não tem isso de novo, lançamento, inovação”, retrucou. Ela também não se sente inovadora por ter deixado de lado o banquinho e violão tão conhecidos do estilo. “Fugi agora, mas posso fazer daqui a pouco”.

Por falar em mudança, ela diz que, às vezes fico ansiosa ao tentar planejar sua carreira, mas vê que não vai dar. “Quero aproveitar muito isso aqui”, finalizou.

Com o clipe de “Homem”gravado, mas sem data de estreia, e “Antes de Tudo” em pós produção, 2015 chega com tudo para a cantora que fez faculdade de Artes Cênicas na PUC do Rio e, mais recentemente, participou de um workshop de corpo e voz na Dinamarca.

Relação com a moda
Alice explicou que seu gosto começou desde cedo, quando ia a exposições com a mãe ou a concertos com o pai. E também frisou que tudo já se transformava em imagem quando ouvia discos na sala de casa.

Mas foi com a cantora Björk que a coisa ficou séria. “Ela tem muito dessa ideia: figurino, instalação, artes plásticas. Ela expõe na Bienal de Veneza, na Itália. Ela é maluca”, comentou. Depois, interessou-se pelo ex-marido de Björk, Mathew Barney, aprofundou-se na teatralidade de Alexander McQueen, mergulhou no universo de Bob Wilson e, por fim, pelo universo de Adriano Abramovich.

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