Por Marília Leoni
Betty Lago estreia nessa quarta-feira (19.11) “Calma Betty!”, seu novo programa no Youtube, que faz parte da Paramaker – network especializada em canais de entretenimento do YouTube criada por Felipe Neto. Com linguagem irreverente, a atriz da Record aproveita o espaço para falar dos casos do dia-dia, das situações tragicômicas pelas quais todos passam e até sobre as notícias do momento. Em conversa com o Site RG, ela contou um pouco sobre esse novo universo. Confira a entrevista e o primeiro episódio abaixo:
Como você recebeu o convite da Paramaker e como foi o processo de desenvolvimento do canal do Youtube?
Estamos nesse projeto há dois meses. O Marcelo Sebá (diretor de conteúdo da Paramaker) foi chamado para trabalhar com a Paramaker e me convidou para participar, muito em cima do que eu fiz no programa “Pirei”. Achei uma mídia diferente e mais interessante do que tinha conhecimento. A resposta é muito imediada, tomei até susto. Televisão você faz, grava tudo e, quando estreia, tem aquele tempo do público ver. Tudo isso leva de sete a oito meses. No youtube, você posta o vídeo e em três minutos estão falando de você. Nunca tinha trabalhado em uma mídia tão rápida e honesta. As pessoas são bem verdadeiras, rola uma espontaneidade muito grande, talvez pela faixa-etária. À noite, eu tiro uma hora e respondo todo mundo, é uma interação. A pessoa se sente ouvida. Não consegui dormir pela resposta, pela rapidez.
Além da resposta rápida do público, quais são as maiores diferenças entre fazer televisão e internet?
Bom, primeiro, você atinge um público que não vê televisão, é um público que fica online. Isso me pareceu evidente. Tem também uma liberdade de expressão que a televisão ainda está alcançando, quer seja o palavrão – que alguns não gostam, mas faz parte – até opiniões mais violentas. A televisão tem um cuidado, outro tipo de compromisso, rola outro tipo de respeito. Na web, não é desrespeitar, mas você tem liberdade de falar e de ouvir o outro. Não tem um bloqueio do tipo “isso aqui não dá pra falar”, etc. Tanto que os vlogs que estão muito bem são muito honestos. As pessoas que assistem querem ver as novidades, querem rir, querem participar desse universo youtube. Teve gente que pediu para eu falar dos anos 80, da moda, das musicas incríveis, falaram que eu era uma diva e, quando vi a foto, era um garoto.
Você chegou a estudar, pegar muitas referências, ler sobre cultura digital para se preparar?
No dia do teaser, era um amontoado de ideias que a gente foi conversando. Faço isso muito com a Cláudia Jimenez, com o Miguel Falabella… Eu dei uma olhada no geral, eu olhei o que todo mundo que faz, um sueco que é o numero um do mundo, olhei os tutoriais… Eu vi bastante coisa, mas não para copiar, até porque não tem como, tem que ser você mesmo porque essa é a graça. Olhei para ver acabamento, dei uma olhada mais concentrada. Agora que virei youtubete, é uma doença. Eu acordo e já quero abrir no ipad. Uma coisa que eu fiz e estava relutante foi assinar o Netflix. É um pouco que nem quando eu fazia o “Saia Justa”. Eu assinava jornais americanos, brasileiros. Você vive de fazer pesquisa e o youtube me deu essa sensaçao de volta, de que é preciso estar muito bem informada. Tem que frequentar todas as mídias.
A resposta do público de alguma forma direcionou o segundo episódio? Você se baseia nas críticas e opiniões para criar?
Não influenciou no sentido. Para fazer o teaser, resolvi sentar, falar e ser eu. Mas, no segundo, a gente entendeu que é preciso ter uma base de roteiro para qualquer imprevisto, então a gente já fez uma coisa com estrutura melhor, sem deixar que tenha espaço para o improviso. Mas tenho que ser eu mesma, porque acho que o que agradou foi a minha honestidade. É muito o meu olhar crítico sobre as coisas e, no final, a gente meio que acha graça de tudo porque é tudo meio tragicômico… A ideia foi falar das bobagens do dia-dia e fazer entretenimento.
Será em temporadas? Haverá uma próxima?
A princípio, a Record me autorizou a fazer por seis meses. Vai depender da resposta do público. Eu sinto que, se eu estou me sentindo bem e nao está interferindo no meu trabalho com eles, sempre dão ok pra eu fazer outros projetos. A aceitação e a rejeição andam de braços dados. Por isso, temos que esperar, como qualquer artista, depende do público gostar. Espero construir uma coisa que seja bacana porque eu sou a primeira a achar graça.
Você passou por um câncer. Como isso mudou a sua vida?
Não existe nada que tenha um impacto tão grande. Muda a alimentação, as prioridades, comportamento, muda tudo. Eu acho que no fundo, no fundo, o que ajuda muito é o senso de humor, sua crença, o apoio que realmente tem das pessoas. Não quero soar piegas, mas está muito ligado à fé e à força da pessoa. Tá todo mundo na fila, mas quando você tem isso, você pensa que está mais próximo que aquele ali que não tem nada. Estou terminando um tratamento agora que está tendo um super resultado. Não dá pra falar “estou curada”, porque faz um exame, demora meses. O importante é não deixar de fazer nada, não me considero uma pessoa doente, eu me considero uma pessoa que está fazendo um tratamento. Não bebo mesmo, não fumo, tento preservar o máximo o meu corpo e me alimento com o que é importante, tento comer brócolis, coisas anticancerígenas, diminuí um pouco a carne. Comecei a fazer Tai Chi, faço acupuntura e acho que fundamentalmente tem que ter equilíbrio de você com você mesmo porque isso não vem de fora. Muda a perspectiva no sentido de valorizar mais a sua vida.