Por André Aloi
Herdeiro da empresa mais importante da Itália, a Fiat, Lapo Elkann recebeu RG nesta quinta-feira (06.11) em um imponente hotel na região dos Jardins, na capital paulista, para falar de seu xodó: a linha de óculos da Italian Independent que começa a ser vendida nas principais óticas do Brasil. Em pouco tempo, a grife abrirá lojas próprias em Miami, Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos, e Tóquio, Japão. São Paulo deve entrar no mapa ao fim de 2015.
A marca chega com o objetivo de ser objeto de desejo de crianças, adolescentes, adultos e também dos mais velhos. Lapo e sua sócia minoritária, Camila Adami, dividiram o país em oito regiões, que vão atacar fortemente. Mas, se depender de uma legião de celebridades que já usaram a grife, como Neymar, Felipe Massa, Karl Lagerfeld, Beyoncé, e Rihanna, essa promessa não vai precisar de um plano de guerra e se concretizará organicamente ao longo do ano que vem.
Estabelecendo-se em mercados emergentes, como o Brasil e outras praças na América Latina, ele espera trazer ao país novas parcerias, como a colaboração que acabou de apresentar em Milão, na Itália, para Adidas. Presente em 43 países – com escritórios na Itália (dois em Turim e um em Milão), Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Japão, Emirados Árabes e agora Brasil -, abrirá nos próximos meses lojas em Los Angeles, Nova York, Londres e Tóquio. Já existe uma loja na Colômbia (em Medellín) e São Paulo deve entrar entrar no mapa em 2015. Confira a íntegra do bate-papo:
RG – O que você faz para ganhar tempo?
Lapo Elkann – Eu tenho uma visão muito nítida do que eu quero fazer, de onde quero ir… Isso se reflete nas companhias por onde passei. Tenho muita gente boa trabalhando para mim. Eu cheguei a São Paulo, fui ao Salão do Automóvel, tive reunião com meus sócios. Eles me disseram o que está indo bem e o que podemos aprimorar, para que nós tivéssemos uma visão cristalina do que está rolando no mercado brasileiro. Fizemos a lição de casa e queremos expandir.
RG – E o que vocês vão fazer para conquistar os brasileiros?
LE – Somos uma marca de lifestyle focada no mercado de óculos, mas gostamos de criar histórias 360º ao redor desse mercado (carros, roupas, calçados etc). Espero em breve que vocês possam ter nossa colaboração para a Adidas, por exemplo. Tem muita coisa sendo pensada, mas, por causa de contratos, não podem ser reveladas. Temos linhas que vão agradar das crianças aos mais velhos, são peças inquebráveis.. Na linha dos esportes, temos materiais muito específicos, também há aqueles que aguentam a altas temperaturas (até 280º)… Outra frente é a linha luxuosa, que usa couro de jacaré, lagarto, fibra de carbono, metal, que muda de cor no sol e muito mais.
RG – Qual a diferença dos mercados de Brasil e Europa?
LE – O Brasil é um país com muita energia, colorido e extremamente positivo em muitos aspectos. Por isso, acho que a nossa marca e o Brasil têm tudo para dar um casamento muito bom. Vejo a Italian Independent crescendo muito bem porque é uma marca que fala claramente sua mensagem: humilde, com produtos de relevância.
RG – Vocês pensam em ter alguma modelo ou artista como embaixador da marca?
LE – Como disse, somos uma marca de pessoas independentes. Então, gostamos das celebridades, mas gostamos das crianças, de pessoas mais velhas o mesmo tanto que gostamos dos mais jovens. Nunca nos negaremos a assinar uma colaboração com um artista, seja na música ou em outras frentes.
RG – Você acha que algum modelo será um sucesso de vendas?
LE – Temos muitos modelos, de óculos de sol aos de grau. Tudo vai depender da estação porque temos os mais fortes de cada coleção. Os que mais gosto são os que ainda não estão à venda, que estão escalados para a próxima temporada. Não posso estar apaixonado pelo que já está na prateleira, tenho que estar em sintonia com o que vem depois. Quando as pessoas iam a Ferrari, perguntavam ao Enzo Ferrari o que ele achava do carro. Ele dizia que precisávamos pensar no próximo. Essa é a resposta que vou dar, que é o que minha companhia e as pessoas esperam de mim.
RG – Você vem de uma linhagem que aposta em tecnologia. Essa mesma prática se traduz no espírito da marca?
LE – Eu não diria isso… Digo que somos uma marca que mistura tradição e inovação. Os formatos que usamos nos óculos são tradicionais, mas damos um toque de inovação, que dá o que os outros não são capazes de acompanhar. E nunca podemos esquecer de onde viemos, além de humildade e inteligência para fazer sempre algo confortável, novo para o consumidor. E essa é a prerrogativa da Italian Independent no dia a dia. Queremos ser considerados em qualquer mercado, seja aqui ou fora, a mais legal, a melhor… E você tem que trabalhar bastante. É muito importante, em qualquer indústria, a pesquisa. Se você não faz a lição de casa, significa que você está um passo atrás. Nos negócios e na indústria, você precisa estar sempre à frente.
RG – Você acha que há um ponto de conexão entre o design do Brasil e Itália ou somos globais e não tem mais isso?
LE – As distâncias do mundo acabam se diminuindo e, com isso, as coisas ficam mais práticas para discussões e para encontrar formas de passar uma mensagem de forma fácil. O Brasil carrega sua impressão da Itália no DNA, bem como de japoneses, alemães e muitos outros… A alegria, o entusiasmo e a positividade que o Brasil nos oferece hoje é algo que a Itália costumava ser no dia a dia. E é isso que buscamos no país para a nossa marca. Depois da festa de ontem, e estar falando aqui com vocês, mostra o quanto é importante para nós apresentar aos brasileiros nossa assinatura. Começamos com os óculos e queremos trazer o restante, mas temos que fazer com respeito do consumidor, do país e da grife.