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A crítica de “Um Amor em Paris” por Eleonora Rosset

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O que pode acontecer quando um casal vive muito tempo junto e um dos dois está inquieto?

O que foi que deu em Brigitte Lécanu (Isabelle Huppert), uns quase 50 anos, mulher bela, forte e com um lado coquete que a faz desfilar no meio das vacas charolesas que cria com o marido Xavier, com um chapéu de pele de raposa?

O filme começa numa competição em que Ben-Hur, o touro do casal, ganha o prêmio de melhor da raça. Brigitte na plateia e Xavier (Jean-Pierre Darroussin) se orgulham com o resultado.

O filho deles vive em Paris e estuda para ser palhaço-acrobata. Ele vem para uma visita aos pais, mas demora pouco.

Na cama, ela lê e ele não insiste muito quando ela não quer conversa. Ficamos sabendo que Brigtte tem um problema de pele que enfeia seu colo. Placas vermelhas que podem denunciar algo de origem emocional. E médico nenhum atinou com o remédio certo ainda.

E, por causa disso, ela vai ter uma desculpa para sair da Normandia, onde vivem, para passar dois dias em Paris, sozinha.

Acontece que não é bem a uma consulta com o médico que Brigitte tenciona ir. Os jovens vizinhos deram uma festa e Brigitte ficou conhecendo um rapaz galante (Pio Marmai) e parisiense.

Trocaram olhares, passearam pelo campo tarde da noite e trocaram um beijo. Nada de mais. Mas bastou para atiçar o desejo de conhecer melhor o rapaz. Ou talvez, Brigitte usou desse expediente para voltar a sentir-se livre e viver novas experiências.

Ela decide ir atrás de algo que não sabe definir o que é.

Acontece nada e muito em Paris. E o marido fica sabendo.

É interessante acompanhar a maneira como os dois vão lidar com esse fato.

“Um Amor em Paris” não é uma pura comédia. Também não é melodrama. É um filme que não quer ser muito sério, nem leviano, mas que tem bom humor.

Notei que as pessoas da plateia onde assisti ao filme com o meu marido, era curiosamente constituída de uma maioria de pessoas mais velhas. Coincidência? Ou foi o tema da história do casal maduro que atraíra esse público em particular para ver o filme? Não sei.

O que sei é que todos ali puderam ter a chance de aprender uma coisa ou duas com a história daquele casal.

“Um Amor em Paris” do diretor francês Marc Fitoussi (de “Copacabana”, também com Isabelle Huppert), é surpreendente no modo como trata de um assunto que poderia ser espinhoso.

Uma cena atrás de uma cortina, quando a emoção enche de lágrimas os olhos da atriz, mostram quão maravilhosa ela é. Vale a ida ao cinema.

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