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Eleonora Rosset fala sobre o filme “Magia ao Luar” de Woody Allen

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Ele não consegue agradar seus compatriotas. No entanto, a Europa ama Woody Allen, 78 anos, que faz um filme por ano. Ele gosta de filmar para focar no trabalho e não pensar na existência e seus problemas sem solução, diz em entrevista, quando do lançamento de seu último filme, que dirige e escreve. Mas não se enganem, é um humor fino e sutil, que pode até passar desapercebido aos menos cultivados ou atentos.

“Magia ao Luar” começa em Berlim, 1928 e estamos num teatro onde um mágico, que se diz o maior de todos os tempos, vestido de chinês, faz desaparecer um elefante no palco.

No camarim vemos que o mágico na verdade é um inglês, Stanley Crawford (Colin Firth), que não dá autógrafos para os fãs:

“- Autógrafos são para idiotas!” comenta, do alto de seu ego narcísico.

Vem também cumprimenta-lo, Howard, um velho amigo, também mágico, que o convida para o sul da França, onde socialites americanas estão hospedando uma vidente e médium, que dizem ser espetacular.

“- Só você para desmascará-la”,diz o amigo que sabe que Stanley adora fazer isso.

Claro que ele vai, apesar de ter uma noiva em Londres. E não vê a hora de humilhar Sophie Baker, apontando seus truques baratos.

Os amigos chegam ao sul da França, em cores de cienamascope. Nunca o mar foi tão azul e as primaveras tão cor-de-rosa, na Côte D’Azur. O jardim onde vão ser recebidos, é de sonho. E a vidente, que aparece vestida de tules transparentes e chapéu com flores, é linda (Emma Stone, vestindo criação de Sonia Grande, figurinista do filme) .

Por mais que se esforce, o racional Stanley não vai conseguir descobrir nada de falso na mocinha, que vem acompanhada de sua mãe (Marcia Gay Harden). Ainda por cima, só ele não percebe que está apaixonado por ela, que está noiva do irmão das milionárias que a hospedam (Hamish Linklatter).

Woody Allen, com graça e delicadeza, toca no problema do falso/verdadeiro e racional/sentimental. E demonstra que o racionalismo exacerbado de Crawford o cega, tanto para a realidade debaixo de seus olhos, quanto para os próprios sentimentos, que desconhece.

A trilha sonora, como sempre, é escolhida a dedo entre antigas versões de sucessos de todos os tempos, como a música “You do Something to Me”, que é a canção que toca muitas vezes no filme e que combina tanto com o par Sophie e Stanley, já que fala que ela o hipnotiza, o engana, joga encantamentos nele, faz magia como ninguém.

E o que importa se Sophie é uma vidente de verdade ou falsa?

Uma conversa de Stanley com sua tia-avó (Eileen Atkins, ótima) faz um pouco de luz iluminar a mente do sobrinho-neto.

Woody Allen parece querer dizer com esse seu filme, que a vida sem o encanto, a magia que faz brilhar nossos olhos, não tem graça nenhuma.

E ele não está coberto de razão?

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