por Ana Varella
Os menos iniciados podem se sentir intimidados com tanta arte em oferta e sob o mesmo teto, em feiras de arte que pululam aqui e ali – como no caso desta SP-Arte, que acaba de acontecer. A confusão aumenta neste momento de alta total no mercado, em que casas de leilão batem recorde atrás de recorde… Se esse é o seu caso, não se desespere! Entenda o cenário e faça suas apostas.
A obra de um artista passa a valer mais por diversos motivos. Primeiro, claro, o aumento na demanda. Isso acontece nitidamente em uma sala de leilão. Mas, a longo prazo, esse aumento não é sustentado se a carreira do artista não evolui… E evoluir significa: participar de exposições coletivas importantes, como as Bienais (entre elas as de São Paulo, Veneza e Istambul) ou a Documenta de Kassel; realizar mostras individuais nas galerias que o representam e em instituições mundo afora; ganhar prêmios; participar de residências internacionais; entrar para importantes coleções privadas e institucionais; e ter críticos e historiadores de arte escrevendo sobre o seu trabalho, gerando uma bibliografia significativa. O conjunto desse processo dá solidez ao CV de um artista e faz com que ele esteja pronto para encarar o mercado. Do ponto de vista do colecionador, isso faz com que ele se torne um bom investimento.
Quando o valor de um artista em início de carreira passa para a casa dos três dígitos, é motivo de preocupação. No mercado primário, isto é, nas galerias que o representam, o preço dele sobe paulatinamente à medida em que o seu CV vai ganhando a tal solidez. Se numa noite esse valor triplica, fica difícil justificar. Ao mesmo tempo, as galerias não podem automaticamente triplicar o valor das obras que saem direto do ateliê. Aí aparecem algumas pessoas que compram a preços baixos direto da galeria e vendem a valores exorbitantes nas casas de leilão. Quando possível, alguns galeristas recompram obras de seus artistas para evitar o leilão…
Dez anos de trajetória é o tempo mínimo para um artista começar a se consolidar. Esse período pode incluir alguns sucessos e, em geral, muitas frustrações. Ambos absolutamente necessários para o amadurecimento do ser humano e da sua produção artística.
Sim, o mercado de arte é o único em que, caso você faça um bom investimento, o retorno é 100% garantido. A seguir, uma seleção de quatro artistas, entre 30 e 40 e poucos anos, cujo trabalho merece atenção, evoluindo com coerência. Linguagens e propostas diferentes, reflexo da diversidade atual da arte brasileira.
O valor de um trabalho deles varia entre US$ 6 mil e US$ 60 mil. Corra, que ainda está em tempo de investir nesses caras, sem precisar hipotecar sua casa…