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Fernanda Lima para RG

Nossa capa de março, Fernanda Lima escreveu nas páginas de RG sobre ciúmes, cidadania, imprensa e mais. Leia na íntegra

O QUE PENSA O PATETA NO TRÂNSITO?

POR FERNANDA LIMA

Acordei às seis da manhã, tomei café, dei um cheiro nos três, peguei o carro em direção ao Santos Dummont. Eita, trânsito! Preciso pegar a ponte das oito. Os carros não andam. Faltam vagas no estacionamento. Meu Deus, o que será do Rio na Copa?! Achei uma vaga! Santo forte! Paparazzo, check-in, mais paparazzi… Café com leite no saguão rapidinho. Embarque Imediato. Voo tranquilo, graças a Deus!

São Paulo. Amo essa cidade! Rush do bom, puro como só Sampa tem. Talvez, no México. Morar no Rio tem seus prazeres: tem trânsito, mas tem mar, maresia, lagoa… Já são 10h15 e eu ainda estou aqui. Odeio chegar atrasada! Ufa, 10h30, cheguei. Bom dia, pessoal, que trânsito, hein? Em Sampa o papo sempre começa assim… Atualmente, no Rio, também. As realidades se aproximaram!

Bom, de uma certa maneira, vocês podem estar pensando que eu vou discorrer sobre o peso da fama. Acordar cedo, pegar avião, chegar em um estúdio, encontrar uma equipe inteira me esperando. Tudo tão glamouroso, né? Reclamar disso por quê? Não seria justo, nem sequer honesto. Mas o peso da fama não está aí. Alguns de nós ganhamos bem para fazer isso! Eu ganho bem, não me envergonho em dizer.

Trabalhei e trabalho muito por isso. Sempre cresci ouvindo, em casa, que todo mundo tem o direito de mudar a sua história. Vim de uma família que lutou e venceu. Acredito e desejo isso para todo mundo. Sonho com um Brasil cheio de estima, digno, vencedor e rico de verdade – isso inclui, além do dinheiro, valores e princípios. CIDADANIA!
O que pesa na fama então? Não ser o que você realmente é. Parece que a fama não deixa nenhum espaço para o erro, para a imperfeição – características de todo bom HUMANO. Embora todos queiram que o famoso caiba na expressão “gente como a gente “, não aceitam vê-lo largado, sem maquiagem ou com aquela barriguinha de chope. E eu nem estou falando de TPM e outras condições absolutamente pertencentes a nós, mortais. Existe uma outra vida através do espelho…

“Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.”

– Fernanda, você já transou de salto alto?
– Sim.

FERNANDA LIMA ADORA TRANSAR DE SALTO ALTO.

– Fernanda, você é ciumenta?
– Olha, eu sou, mas, lá em casa, costumamos brincar que não temos passado, pois não provocamos um ao outro citando situações vividas.

FERNANDA LIMA ASSUME QUE É POSSESSIVA ATÉ COM O PASSADO DE RODRIGO HILBERT.

Chega uma hora que você já não responde mais às perguntas que te fazem, mas edita as respostas para fugir das pegadinhas.

– Qual a sua dieta infalível Fernanda? “Como, de três em três horas, uma combinação leve de carboidratos com proteínas vegetais”, mas, obviamente, eles omitem a parte em que eu disse que, volta e meia, também me atraco com o hambúrguer na lanchonete da esquina e que, depois, me exercito que nem uma louca como uma forma de compensação. E, quase sempre, terminam dizendo que eu tenho genética boa e, por isso, não engordo, invalidando, de uma vez por todas, qualquer aspiração que o leitor poderia ter em melhorar sua qualidade de vida, afinal, para reclamar sobre isso, só ligando para o SAC das teorias de Darwin.
E quando chega a “turma do bloquinho”, com ares de Marília Gabriela?

– Fernaaanda, abre o jogo vai… Qual o seu grande defeito? Porque você também tem defeito, né, fofa?

– Humm meu grande defeito? – penso eu, querendo dizer o bordão da Maria Clara Gueiros: “Te conheço?” – Me repreendo imediatamente e falo comigo mesma: “Preciso ser verdadeira, mesmo que ela não entenda”.

– Meu grande defeito é que eu tenho muita dificuldade de dizer não! – pensando que era isso que eu devia ter dito quando ela me pediu a entrevista.

No fundo, é assim que eu me engano, achando que só faço o que eu quero.

Eu falo que sou zen, pois tenho medo de sair do controle. Adoro aquele desenho animado do Pateta transtornado no trânsito. Acho que Um Dia de Fúria foi inspirado nele…. Ioga, meu Deus, ioga! Duas horas!

As pautas de beleza parecem histórias da carochinha. “Lembra da minha voz? Continua a mesma, mas os meus cabelos…” Caíram todos de tanta chapa, tintura, spray e secador! Mas o Photoshop tá aí pra resolver qualquer problema estético e, mesmo quem diz que não usa, leva pincelada. Não tem jeito! Eles precisam vender a imagem perfeita, e nós ficamos “seduzidos e bem pagos” em ser um modelo dessa mentira.

O problema é, depois, querer enfrentar a sociedade de cara lavada, sem filtros. E quando alguém dá a tal “cara lavada” a tapa? O grande “coro das mídias sociais” se une, em uma espécie de arena grega digital, e brada todo tipo de xingamento: Horrorosa!!! Gorda!!! Seca!!!

Descarregam, sobre você, toda sorte de impropérios, como se fosse uma espécie de vingança, por você ter desmitificado a beleza ou a perfeição das capas de revistas. Eu sou a tortura e a torturada! Aliás, vejo o dia em que vão postar: “FERNANDA LIMA ANTES E DEPOIS”. Algumas vezes, acho que esse será o dia em que descobrirei que meu tempo passou. Em outras, acredito que esse será um dia de glória, afinal, a “beleza real “ e a “beleza da capa” terão resolvido ter uma conversa franca. Espero que seja para enaltecer a beleza da vida real!
Um dia desses, disseram que eu vendia até a mãe. Vendi mesmo e mandei entregar! E o pior? Todo mundo gostou, principalmente ela! Warhol tinha razão. Até a mãe da gente quer uns minutos ao sol. Quem sou eu para julgar? Eu só não queria que uma mulher, que nem conheço, fizesse o papel da minha querida e carismática mãe.
Eu adoro espiar! Vejo tudo, leio tudo sobre qualquer tipo de exposição e entro na internet com o mesmo desprendimento que vou ao supermercado. Vejo fotos e fatos, vídeos engraçados, emocionantes e embaraçosos. Fico brincando de falso ou verdadeiro, se acredito ou não, e, às vezes, fico triste. Acho essa necessidade de aparecer uma baita carência, uma solidão sem fim. Imediatamente, me coloco no lugar deles e repito pra mim: “Pô, mas eu ganho $$ para aparecer. Isso me faz menos carente”.

Será? O dinheiro não seria uma polpuda desculpa para dizer que todos nós queremos ser amados? Ou o dinheiro virou uma necessidade para comprar o que, antes, eu tinha de graça: privacidade?

Não sei, mas queria saber, para não ter inveja de quem sabe!

CONSUMIR ESTE TEXTO NA ÍNTEGRA E SEM MODERAÇÃO.

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