POR Rosana Rodini
Numa casa no alto de São Conrado, dois índios, um guru e uma turma cabeça montam uma fogueira. É sábado de um Rio 40 graus. Enquanto o fogo cresce, voluntários constroem uma tenda com arcos de madeira e lona. Cenário hippie, piscina de água de cachoeira. Chega Tony Paixão, o líder. Falando mansinho, diz ser “o representante dos espíritos”. Trata-se de um rito de cura interna. A Tenda de Suor (R$ 120 por pessoa), explica Lino Py, outro guia, é a cerimônia mais antiga que se tem registro entre os indígenas. Na tradição nativa, simboliza o útero da Mãe Terra. As pedras aquecidas no fogo representam o corpo. Tafkia, índio da tribo fulni-ô – que confirmou sua presença no evento via Face –, dá uma espécie de bênção. Abençoados, os participantes entram na tenda. Dois homens carregam as pedras para a sauna natural. Tony joga ervas sagradas sobre elas. Enquanto o cheiro de sálvia se espalha, o líder salpica com água as rochas quentíssimas. O vapor sobe, o ar umidifica os presentes na tenda, agora fechada, sem luz. Duas horas de calor escaldante, de meditação induzida pela alta temperatura. Rezas e cantos indígenas depois, termina a cerimônia. Os purificados saem, suando em bicas, ávidos por água. Pulam na piscina, exceto uma, que, com a pressão nos pés, é amparada por veteranos. “É um estágio de meditação induzida”, divide a novata. “É união com o Grande Espírito”, dispara outra. Eu penso que… queria comprar o cocar do índio para o carnaval. Mas não só isso. “Estamos nos conectando com a energia ao nosso redor e lembrando que somos parte dela, nunca separados”, esclarece o guru. Pra mim, ali, faz todo o sentido.
Fato: para além do suco verde, que garante o abdôme da estação, existe gente interessada em outro tipo de detox. “É alimento pra alma”, esclarece Karen Couto, chef de cozinha carioca e ponte desta repórter para o dia mais quente da sua vida. Se foi “life changing”? Não, mas abriu portas e deu vontade de esquecer um pouco do agachamento pra cuidar mais da cabeça e do coração. Fora que é mais interessante viver uma experiência dessas do que aprender a nova receita do tal suco que leva couve, aipo, zzzzz… A seguir, Karen dá o caminho das pedras para alimentar a sua alma. Da leitura de aura ao misterioso Path of Love. Mas vai ter de suar…
Vision Quest
POR karen couto
A Busca de Visão (tradução) é a procura da direção pessoal da sua vida. Durante quatro dias, num lugar isolado na natureza, a pessoa fica dentro de um quadrado de 2×2 metros, um cordão feito de tabaco. Nesse período, ela não pode comer ou se mover. Em algumas cerimônias, um xamã, uma vez ao dia, oferece à pessoa peyote iagé (ayahuasca peruana) ou cogumelos. Not for beginners.
Seu objetivo? A reconexão com o sagrado. (K.c.)
www.facebook.com/marcus.fraga.7
Leitura de aura
“É a interpretação do campo energético de um indivíduo por meio das cores do seu chakras”, explica Luc Bouveret de Liance, decorador francês radicado no Brasil que acaba de abandonar de vez a profissão para se dedicar à leitura de aura e outras práticas espirituais. “Eu sou a ponte entre as pessoas que me procuram e seus espíritos. Entendo as emoções, descubro quais são os bloqueios e indico os caminhos a seguir. Trazemos ao consciente o que estava inconsciente. É um momento de amor.” Custa R$ 400. (K.c.)
www.leituradeaura.net
www.lucbouveret.com
Deeksha
A deeksha, também conhecida como bênção da unidade, é uma imposição energética das mãos sobre a cabeça, causando profunda sensação de bem-estar. Uma transferência de energia que provoca o crescimento na consciência. Não exige um determinado estilo de vida ou religião e influencia positivamente na evolução da sua espiritualidade. Conheci essa prática na Oneness University, Índia, berço da deeksha. Eles também atuam no Brasil. (K.c.)
www.onenessbrasil.com.br
Ayahuasca
Produzida a partir de duas plantas amazônicas, a bebida é utilizada na medicina tradicional dos povos da Amazônia e consumida em rituais. Os usuários não a consideram um alucinógeno, mas enteógeno, gerador da divindade interna. O que causa? Ampliação da percepção. Na semana que antecede o ritual, nada de álcool, cigarros etc… A cerimônia sagrada praticada por índios há milênios é celebrada com cânticos, fogueira, tambor, dança e pode trazer revelações e cura por meio da bebida sacramental. (K.c.)
www.xamanismo.com.br