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Joe Green @RG do mês

Batemos um papo com o criador do Facemash, precursor do Facebook

Por Clarissa Wagner

Foto João Castellano

De Havaianas nos pés e óculos de grau. Assim me recebeu Joe Green durante seus dias no Brasil. Gênio da internet, é ex-colega de quarto de Mark Zuckerberg dos tempos de Harvard (quando criaram o Facemash, site de relacionamento da universidade, o precursor do Facebook). Não entrou no business e deixou de ganhar bilhões, apesar de hoje ter uma fatia do negócio. O resto é história: virou filme. Num papo saliente com RG, se diz nerd, ainda que muitíssimo articulado. Atirado até, vide os elogios às pernas da repórter que vos fala, numa cutucada nada virtual. Facetime!

RG: O que te trouxe ao Brasil?

JG: Disseram que São Paulo era a Nova York brasileira. E o Rio uma Los Angeles. Estou achando SP mais parecida com L.A., onde vivo, cidade “espalhada”. Mas vou passar o réveillon (a entrevista aconteceu em dezembro) em Florianópolis porque soube que as festas são boas e as mulheres são lindas… vou tirar a prova (RG sabe que ele também está investindo, em sociedade brasileira, num site de futebol).

RG: Você é um nerd, um geek ou os dois?

JG: Não sou um geek, não são aficionado por gadgets. Mas sou nerd. Sempre gostei de estudar, posso passar um dia lendo. Mas me interessam mesmo os humanos. A tecnologia está aí para nos servir, não o contrário.

RG: Ao aceitar os conselhos de seu pai e não entrar como sócio do Face você deixou de ganhar bilhões. Ainda o escuta?

JG: Não me arrependo e sigo me aconselhando com ele.

RG: Por que você não aceitou o convite de Mark?

JG: Por causa do nosso projeto anterior, o Facemash. Nossas colegas de Harvard não gostaram nada do tal do “hot or not”. Meu pai, como professor, também não. Como existia a possibilidade de ser expulso, preferi não me envolver.

RG: O que mais te irrita no Face?

JG: Ser “tagueado” em fotos em que não saí bem, ou seja, em todas. Mas os filtros hoje existentes permitem que você bloqueie esse tipo de coisa.

RG: O Face mudou o comportamento social das pessoas. Foi positivo?

JG: Seu sucesso está em reproduzir as dinâmicas socais inerentes ao comportamento humano. As pessoas já mostravam suas fotos em casa. Agora fazem o mesmo pela internet. Apenas a escala e a velocidade foram aumentadas.

RG: O que podemos esperar da tecnologia?

JG: Uma mudança importante, já em andamento, é o fim da economia de escala. Hoje você não precisa de uma gravadora para lançar uma música. Com as impressoras em 3D é possível criar objetos que antes precisavam ser feitos em fábrica. E por aí vai. Isso dá mais poder aos pequenos negócios e viabiliza a existência de nichos de mercado antes inviáveis. A ideia de uma carreira para a vida toda é coisa do passado.

RG: Qual seu trabalho atual?

JG: Dedico boa parte do meu tempo à causa da reforma imigratória americana, já que são os imigrantes que fazem dos EUA uma potência. Quem não tem nada a perder está disposto a correr mais riscos, o que gera novos negócios.

RG: E o Zuckerberg, são amigos?

JG: Somos muito próximos. Ele ainda tira sarro de mim por ter escutado meu pai.

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