Ícone da contracultura e do underground americano do século XX, John Cage está de volta ao mercado brasileiro. É que o artista multimídia, falecido em 1992, acaba de ter uma segunda edição de seu livro, De segunda a um ano, lançada no país pela editora Cobogó.
Escrito em 1967, o livro é uma reunião de ideias, leituras e ensaios que representam um pouco do pensamento de Cage. É uma publicação plural, que não respeita a linearidade do texto – algo parecido com o que nossos poetas concretistas fizeram por aqui.
É de um concretista, por sinal, o prefácio da obra, que ganha a interpretação singular do poeta Augusto de Campos. Campos também foi responsável por revisar a tradução de Rogério Duprat, feita do original de Cage para a primeira edição, esgotada no Brasil há mais de 20 anos.
Poesia, política, arte, tecnologia, sociedade americana e cogumelos (!) podem ser encontrados na pauta do texto de Cage. Sua leitura pode ser bastante útil para entender uma mente inclassificável, mas que contribuiu de forma direta para a forma como entendemos a arte do século XXI. Leia, abaixo, alguns trechos de De segunda a um ano:
“Acusação: você abre portas; o que queremos saber é quais você fecha. (As portas que eu abro fecham-se automaticamente depois que eu passo.)”
“Se Marcel Duchamp não tivesse vivido, era preciso que vivesse alguém exatamente igual a ele, para que pudesse existir um mundo como esse que estamos começando a conhecer e experimentar.”
“Os cidadãos dos EUA são seis por cento da população do mundo consumindo sessenta por cento dos recursos do mundo. Se os americanos tivessem nascido porcos em lugar de homens, não teria sido diferente. Quando acham um deles aceitável, as pessoas dizem: “Você nem parece americano.”
Serviço:
De segunda a um ano
John Cage
Tradução de Rogério Duprat e Augusto de Campos
Editora Cobogó, 2013
R$ 68