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You Don’t Know Me…

…mas aqui apresentamos: conheça Alexia Bomtempo, cantora americana com uma quedinha pelo Brasil, e um fetiche pelo Caetano

por Renata Zincone

fotos Fernanda Lenz

Alexia Bomtempo, 29 anos, subiu ao palco do The Living Room, em NY. Era agosto, uma das gigs do Brasil SummerFest. Sexy, deixou o público apaixonado com suas interpretações para as canções de Caetano na fase do exílio londrino, matéria-prima de seu segundo disco, I Just Happen to Be Here (Biscoito Fino). “Como tenho dupla nacionalidade e vivi sempre entre o Brasil e os EUA, a história da minha vida foi partida entre dois países, duas culturas, duas línguas. O repertório em inglês do Caetano me aproxima de uma sensação de estranheza que eu traduzo para a minha realidade pessoal, um momento de autodescobertas, de entender quem eu sou de verdade, da minha relação com o mundo…”, divaga Alexia, em uma tarde de sol em frente ao restaurante Bikinis, onde fizemos este retrato. Caetano sabe? “Desde a pré-produção. E me deu o aval. Fiz questão de avisar, e sentir se ele aprovaria, porque são músicas que tratam de um momento muito delicado da vida dele. Ele adorou. Disse que eu consegui ressuscitar as músicas!” O primeiro encontro com a obra do baiano foi ainda criança. “Eu devia ter uns 9 anos quando me deparei com Transa. Era uma fita cassete. Um dia, meu pai me levou a um show. Eu levei a fita na bolsa, queria um autógrafo. No fim do show, foi aquela confusão toda e eu comecei a chorar… quando alguém, que devia ser da produção, me levou lá pra dentro. O Caetano me colocou no colo, me acalmou e autografou a fita.”

Alexia é americana, filha de pai brasileiro. Produtor cultural, Renato Bomtempo foi trabalhar nos EUA nos anos 1980. Certa feita foi contratado para pintar a casa da escritora e poetisa Barbara Cruickshank. Um dia, depois do expediente, foi convidado para o jantar. Correu para casa, se trocar. Ao voltar, foi recebido com um copo de brandy e por uma visão: a filha de Barbara, Monica, tocando violão. A mãe de Alexia.

Aos 7, Alexia foi morar no Brasil – passou sua adolescência em Petrópolis, no Rio. Sempre soube que sua vida seria nos palcos: estudou teatro no Rio, voltou para NY e foi parar no coral da escola. Aos 18, de volta ao Rio, montou uma banda com o baterista Thomas Harres. Chegaram a tocar no Mistura Fina. De novo nos States, estudou canto lírico. Sob influência do músico Dadi, gravou seu primeiro disco, em 2008.

Seus planos seguem transnacionais. Ela deve continuar habitando NY, onde se diz sentir em casa – apresentou-se no gala do Brazil Foundation, em setembro, aliás. E quer muito mais Brasil… a começar por um show desse disco por aqui. “Muito em breve e com certeza!” A gente também.

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