Por Eduardo do Valle
Quando Sofia Coppola assistiu ao noticiário da TV, que repercutia a ação de uma gangue em Hollywood, não prestou muita atenção. Compreende-se: celebridades e crime não são exatamente novidade nas programações. Foi somente mais tarde, quando leu um artigo a respeito, que a diretora mergulhou na realidade de seu novo filme, Bling Ring: A Gangue de Hollywood, que já chegou aos cinemas brasileiros.
Não era uma gangue normal. Os “Bling Ring”, como foram chamados, eram adolescentes na faixa dos 18 e 19 anos, com um alvo preferencial: celebridades. Entre as vítimas, nomes como Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom. Entre 2008 e 2009, o grupo invadiu suas casas e levou cerca de US$ 3 milhões em joias, sapatos e roupas. Coisa de filme. “Era inacreditável”, contou a diretora, com exclusividade a RG: “Belos jovens sendo maus em um mundo de glamour”. O desafio, no entanto, foi exatamente não julgá-los. “Eu não quis dizer que o que eles fizeram era certo, mas quis que o público construísse sua própria opinião”, explica. Quem nunca se imaginou vivendo a vida das celebridades, afinal?
Com Emma Watson no elenco, Bling Ring foi apresentado no último Festival de Cannes. Até mesmo Paris Hilton aceitou fazer uma participação, inclusive cedendo sua casa como cenário para as gravações. “Eu tenho de admitir que foi excitante filmar em um dos lugares reais e ver o mundo privado dela, os seus closets”, revelou Sofia.
O flerte sem limites com o sonho da fama é a discussão de uma época em que a reality TV já não se resume ao Big Brother. No entanto, se Bling Ring parece, em um primeiro momento, uma fábula moral, a diretora foge do piegas: “Talvez um conto de advertências”. Em que o risco é simpatizar com a imoralidade.